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quinta-feira, 2 de março de 2023

SEBERG CONTRA TODOS

       Existe uma tênue linha entre o certo e o errado e este filme, ‘Seberg Contra Todos’ (Seberg, 2019), dirigido por Benedict Andrews e roteirizado por Joe Shrapnel e Anna Waterhouse, com base na vida da atriz Jean Seberg (1938-1979), interpretada por Kristen Stewart, é sobre isso, como também sobre ideologias e o que acontece quando diferentes crenças entram em conflito.

          De um lado, temos Jean, alguém que quer fazer algo mais no mundo do que meramente atuar. Ela se importa, quer fazer do planeta um lugar melhor, encontrando a sua causa junto ao movimento negro e a luta pelos direitos civis, no final dos anos 60, em Los Angeles, apesar de ser uma mulher branca. 

            Do outro, temos o FBI, ainda na era Hoover (J. Edgar Hoover foi o primeiro diretor da agência durante o período de 1935 a 1972), aqui representado pelos agentes Jack Solomon (Jack O'Connell) e Carl Kowalski (Vince Vaughn), responsáveis pela campanha de difamação da atriz, expondo, por exemplo, o caso dela, que ainda estava casada com Romain Gary (Yvan Attal) na época, com o militante negro Hakim Jamal (Anthony Mackie).

            É um filme profundo, ainda mais pelas excelentes atuações de Kristen Stewart, que se reinventou durante a última década em Hollywood, e Vince Vaughn, que demonstrou toda a sua versatilidade de transitar entre gêneros tão díspares como o drama, caso deste filme, e a comédia, gênero no qual está mais acostumado a trabalhar.

            Mas o mais interessante de tudo é o contraste que se tem com a atualidade, na qual prevalece o tal “lugar de fala”, coisa que não deveria existir, pois qualquer cidadão, independentemente de seu gênero, etnia e sexualidade, tem o dever moral, se não de fazer, pelo menos de dizer algo quando se depara com alguma situação errada.  


Fontes: 

https://www.imdb.com/title/tt1780967/

https://pt.wikipedia.org/wiki/J._Edgar_Hoover




terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

PODRES DE RICOS


Eu esperava, ao assistir ao filme Podres de Ricos (Crazy Rich Asians, 2018, algo como Asiáticos Ricos e Loucos), deparar-me com uma comédia, no máximo uma comédia romântica com algumas pitadas de drama, mas não poderia estar mais enganado.

       Dirigido por Jon M. Chu e roteirizado por Peter Chiarelli e Adele Lim, com base no livro Asiáticos Podres de Ricos (também Crazy Rich Asians no original), de  Kevin Kwan, o enredo é um drama com pitadas de humor, cuja premissa é bem simples: Nick Young (Henry Golding) decide levar a namorada Rachel Chu (Constance Wu), uma professora de economia, mais especificamente da Teoria dos Jogos, da Universidade de Nova Iorque, para conhecer a sua família em Singapura, durante o casamento de um amigo do qual será padrinho.

Tudo estaria bem se não fosse por um detalhe: Nick esqueceu de mencionar, para a namorada, que a sua família é... bem, podre de rica. Daí vem, obviamente, o conflito da trama, a boa e velha diferença de classes sociais. No entanto, a situação não é a mesma que no ocidente, pois a cultura asiática é muito mais tradicionalista que a nossa, pondo a família e os seus interesses, acima da felicidade individual.

Não deixa de ser um clichê, o do asiático honrado, trabalhador e dedicado aos seus, mas pelo visto é uma situação que ainda impera massivamente entre as famílias chinesas, cuja geração atual vem tentando quebrar.

É difícil não exprimir um julgamento de valor sobre o que se passa no filme, mas é pertinente lembrar que todos nós, que o assistimos, mesmo os descendentes de asiáticos, possuímos um viés ocidental de visão de mundo, como a própria mãe de Rachel, Kerry (Tan Kheng Hua), explica para a filha, antes da mesma partir para Singapura: você pode ser chinesa, mas tanto no coração quanto no seu cérebro, a sua mentalidade é ocidental.

Tal aviso não quer dizer que uma cultura é certa ou melhor que a outra, mas uma mera lembrança de que quando se viaja para locais até então desconhecidos, o viajante que deve adaptar-se à cultura da região e não o contrário.

 


Fontes:

 https://pt.wikipedia.org/wiki/Crazy_Rich_Asians

 

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

MOONRISE KINGDOM

           Moonrise Kingdom (2012, algo como Reino do Nascer da Lua, numa tradução literal para o português) é um filme idílico por natureza, como não poderia deixar de ser, tendo sido dirigido por Wes Anderson.

            O próprio cenário em que a trama se passa, duas ilhas afastadas de tudo, com muito verde e pequenas comunidades em cada uma, assim como a época, o não tão distante ano de 1965, confirmam essa impressão.

            É como se tudo não passasse de um sonho ou uma fábula, de tão excêntricos que são os personagens, características dos filmes comandados por tal diretor. Ao mesmo tempo que as crianças se comportam como crianças, também agem de maneira mais articulada que suas contrapartes adultas, que parecem perdidas em seus próprios delírios, extravagâncias e excentricidades.

          Não há nada de errado com isso, até mesmo acrescenta um sabor especial a premissa, que é até bastante simples: tudo começa com a fuga de um escoteiro de doze anos, chamado Sam Shakusky (Jared Gilman) de seu acampamento, aparentemente sem nenhuma razão.

              Descoberto o sumiço, o atrapalhado chefe dos escoteiros, Randy Ward (Edward Norton), põe os demais garotos em alerta e os manda procurar o membro perdido de sua tropa, além de alertar o capitão Sharp (Bruce Willis), o policial no comando da força policial de uma das ilhas nas quais se passam a história.

            Logo, também é descoberto o desaparecimento de outra criança de doze anos, chamada Suzy Bishop (Kara Hayward), o que está longe de ser uma coincidência. Na verdade, a fuga foi planejada pelo casal de namorados Sam e Suzy, cada um tendo as suas razões, que são melhores explicadas ao longo do filme.

            Se ainda não foi possível convencer algum leitor de que esse longa metragem é especial, o seu elenco ainda conta com Bill Murray e Frances McDormand, como Walter e Laura Bishop, respectivamente.

                 Não é preciso dizer mais nada, né?

             

 


Fontes:

https://en.wikipedia.org/wiki/Moonrise_Kingdom

https://en.wikipedia.org/wiki/Wes_Anderson

https://www.imdb.com/title/tt1748122/

 

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

AS ESTRELAS BRILHAM NA CIDADE

       

          Há algo de especial nos filmes época, ainda mais os que são inspirados em histórias reais, como é o caso de “As Estrelas Brilham na Cidade” (The Chaperone, 2018, algo como ‘A Acompanhante’, numa tradução literal).

      A trama, dirigida por Michael Engler, com roteiro de Julian Fellowes, baseado no livro de Laura Moriarty, gira em torno de Norma Carlisle (Elizabeth McGovern), a tal acompanhante do título original.

    Tudo começa, em 1922, numa apresentação de dança na casa da família Brooks, na qual Louise (Haley Lu Richardson) é a atração principal, enquanto sua mãe, Myra (Victoria Hill), toca piano.

Norma é uma das espectadoras, junto de seu marido Howard (Tyler Weaks). Ela fica encantada com o talento de Louise Brooks (que realmente é uma figura histórica, uma atriz de certo renome no final dos anos 20 e durante a década de 30) e fica ainda mais interessada ao ouvir a mãe da garota mencionar que precisa de uma acompanhante para a sua filha durante uma temporada em Nova York, enquanto Louise participa de um curso de dança, pois, na época, não era de bom tom que moças de família andassem desacompanhadas.

De pronto, Norma se oferece, sob o olhar surpreso de seu marido. Logo, percebemos que algo não vai bem no casamento deles (e ao longo do filme descobrimos o porquê). No entanto, Howard não se opõe, de modo que Norma e Louise partem para Nova York.

Lá, descobrimos mais sobre o passado de Norma, o fato que ela é uma órfã, deixada num lar para mulheres desemparadas, local que acolhia crianças geradas fora do casamento e as encaminhava, via trem, para as suas novas famílias adotivas, situação muito comum no final do século XIX e início do XX. E é essa a sua grande motivação para ir a Nova York: descobrir a verdade por trás de seu passado.

Assim, as histórias de Norma e Louise se entrelaçam, pois enquanto a primeira busca por suas origens, também acaba por assumir o papel de mentora de Louise, uma garota extremamente talentosa, porém perdida, devido a uma profunda chaga de seu passado.

É uma história comovente, que trata de assuntos importantes, como o papel das mulheres na sociedade que, na época, haviam acabado de conseguir o seu direito ao voto, mas ainda se viam presas a coisas como espartilhos, além de questões como a segregação racial e a lei seca.

Em suma, é um filme interessante e de conteúdo relevante.

 


Fontes:

https://en.wikipedia.org/wiki/The_Chaperone_(2018_film)

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

TOLKIEN

 

            Este é um filme sobre poesia e jornadas, por isso não é de se admirar que tome certas liberdades criativas e comece sua trama justamente em um campo de batalha da Primeira Guerra Mundial.

            O cenário é Somme, na França do ano de 1916, em uma das muitas trincheiras do local. Nela está John Ronald Reuel Tolkien (Nicholas Hoult), que acaba de receber uma carta da mãe de um de seus amigos do Tea Club Barrowian Society (Clube do Chá da Sociedade Barroviana), Geoffrey Bache Smith (Anthony Boyle), que pede notícias do filho, do qual não sabe nada há algum tempo.

            Isso leva Tolkien, mesmo muito gripado, a partir para a frente de batalha, apesar dos protestos de seu ordenança Sam Hodges (Craig Roberts), que o segue mesmo assim, cujo nome parece uma clara referência ao hobbit Sam, do Senhor dos Anéis, que segue leal ao seu amigo Frodo até o fim. 

            Daí a trama retrocede no tempo, para quando um jovem Tolkien e seu irmão Hilary, já na Inglaterra, após a morte precoce de seu pai na África do Sul, recebem a notícia de sua mãe, Mabel Tolkien (Laura Donnelly), que vão novamente se mudar, devido a sua parca condição financeira, com a ajuda do Padre Francis Xavier Morgan (Colm Meaney), guardião de ambos os irmãos.

            Infelizmente, pouco após a mudança, Mabel também vem a falecer, fazendo com que o Padre Francis realoque os meninos Tolkien na casa da Sra. Faulkner (Pam Ferris), cuja tutelada é nada menos que Edith Bratt (Lily Collins), o grande amor de Tolkien e sua futura esposa.

            Na nova escola, o jovem Tolkien demora um pouco a se adaptar, mas logo encontra companheirismo e camaradagem junto a Robert Gilson (Patrick Gibson), que inicialmente nutre uma certa rivalidade contra o novato, apesar dele se provar à altura e honrado acima de tudo, Christopher Wiseman (Tom Glynn-Carney) e o já mencionado Geoffrey Bache Smith e, assim, juntos o quarteto forma o Clube do Chá da Sociedade Barroviana e uma amizade para vida toda, independente de quanto isso durar, devido ao início da Primeira Guerra.

            O filme também trata da paixão de Tolkien por línguas, o que vem a ser a base de toda sua obra e como os acontecimentos de sua vida vieram a moldá-la.

            No geral, é um bom filme e bastante comovente, mas diverge da realidade em alguns pontos, pois Tolkien e Edith já estavam noivos em 1913, antes da Grande Guerra começar e não declararam o seu amor um pelo outro quando o primeiro estava para partir para o combate, apesar de tal encontro e posterior declaração de amor ter realmente ter se dado em uma estação de trem...


 

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_do_Somme

https://pt.wikipedia.org/wiki/J._R._R._Tolkien

https://en.wikipedia.org/wiki/Tolkien_(film)

https://en.wikipedia.org/wiki/Edith_Tolkien

 

sábado, 5 de novembro de 2022

YESTERDAY

 

              Se você é fã dos Beatles, este filme é para você. Se não, também é. A trama é cativante o suficiente e os personagens são bastante agradáveis para conquistar até o maior detrator do quarteto de Liverpool.

            É claro que a música tem um papel muito importante, mais do que em qualquer outra película, sendo mais do que um mero pano de fundo. Aliás, é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento do longa dirigido por Danny Boyle (ganhador do Oscar da Academia de Melhor Diretor por ‘Quem quer ser um Milionário?’), com base no roteiro de Richard Curtis.

            A trama gira em torno de Jack Malik (Himesh Patel), um aspirante a músico profissional, que trabalha em uma loja de departamentos. A sua carreira até então, não tem sido um sucesso. Na verdade, nem chegou a decolar, apesar dos esforços infindáveis de sua empresária e melhor amiga de infância Ellie Appleton (a mais que perfeita Lily James).

           Eis que o inesperado acontece: ao voltar de um concerto em um festival, agendado por Ellie, Jack sofre um acidente, sendo atropelado por um ônibus, durante um apagão global. Ele acorda, no hospital, e aos poucos percebe que ninguém mais se lembra dos Beatles, então começa a fazer passar por suas as canções da banda inglesa, logo alcançando a fama.

          Mas o preço a pagar é muito alto, além do receio que alguém mais se lembre dos Beatles, os holofotes cada vez mais o afastam de Ellie que, a essa altura, todos, há muito tempo, já perceberam estar apaixonada por Jack, que também começa a se dar conta de seus verdadeiros sentimentos por ela.

            Assim, Malik se vê diante de uma escolha: deve abraçar a fama e deixar tudo para trás ou fazer a coisa certa e abrir mão de um legado que não é seu?

            Para não estragar nenhuma surpresa, só há uma palavra para definir esse filme: fantástico, além de conter, na sua parte final, uma das cenas mais emocionantes para qualquer fã dos Beatles, envolvendo um certo velho marinheiro e Jack...

            Nada mais direi. Só assistam o filme!

 


Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Yesterday_(filme_de_2019)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Danny_Boyle

domingo, 9 de outubro de 2022

SE O SAPATO ENCAIXAR...

 

           


         Eu assisti este filme por acaso. Na verdade, só o fiz porque minha avó materna estava aqui em casa e queria ver algo leve e divertido, ‘sem maldades’, como diz ela. Então, escolhi o filme ‘A Nova Cinderela: se o sapato encaixar...’, de 2016.

         De cara, lembrei do filme ‘A Nova Cinderela’, de 2004, estrelado por Hilary Duff e Chad Michael Murray e imaginei se ambos estavam relacionados. Pesquisei e descobri que sim,  ‘... se o sapato encaixar...’ é o quarto filme da franquia, o que é surpreendente por si só, já que a premissa dos dois filmes é basicamente uma mesma versão contemporânea do conto de fadas infantil: uma bela garota, maltratada por uma madrasta e duas meias-irmãs malvadas, apaixona-se por um ‘príncipe encantado’, que no caso do filme de 2016, é um astro do rock. Bastante original, huh?

            Bem a trama toda é um tanto implausível: essa família descompensada vai passar as férias num resort, no qual haverá um concurso para escolher uma Cinderela que estrelará uma peça ao lado do jovem popstar Reed, interpretado por Thomas Law.

           Obviamente, o trio formado pela madrasta Divine (Jennifer Tilly), uma perua arrogante, e as suas duas filhas destrambelhadas Olympia (Jazzara Jaslyn) e Athena (Amy Louise Wilson) se acha a última bolacha do pacote, numa atuação caricata para lá de forçada.

         O que salva esse filme, para lá de mediano, é atuação de sua protagonista, bastante profunda e apaixonante, fazendo o melhor que pode com um roteiro que não é lá essas coisas, afinal foi reciclado umas quatro vezes, contando os filmes anteriores.

Fato que me surpreendeu, pois não achei que encontraria uma intérprete tão boa no papel de Tessa, a Cinderela dessa versão. Aliás, achei-a bastante familiar... e realmente era, já que se tratava de Sofia Carson, a estrela do filme Continência ao Amor (2022) da Netflix, sobre o qual já escrevi aqui no The End.

Aconselho que fiquem de olho na Srta. Carson, pois pelo visto a mesma vai longe!

 



Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Cinderella_Story

https://en.wikipedia.org/wiki/A_Cinderella_Story:_If_the_Shoe_Fits

terça-feira, 27 de setembro de 2022

CINE HOLLIÚDY



O filme Cine Holliúdy (2012), dirigido por Halder Gomes, até tenta ser a versão brasileira do incrível filme italiano Cinema Paradiso (1988), mas logo descamba na comédia pastelão, tão tradicional no cinema e no humor brasileiro, principalmente o cearense (aliás, o filme leva legendas justamente por ser narrado em “cearês”).

Se a trama começa de maneira dramática com Graciosa (Miriam Freeland) implorando ao marido Francisgleydisson (Edmilson Filho) para que deixe a vida de projetista itinerante de modo que o filho deles, Francin (Joel Gomes) tenha uma vida melhor, o homem pede mais uma chance a mulher, que acaba, por fim, cedendo.

 E assim a família cai na estrada, abordo de Wanderléia, a caminhonete amarela do grupo. Acabam por parar em Pacatuba, uma cidadezinha no interior do Ceará, aonde a televisão ainda não chegou, a não ser por uma exceção. Esse é, aliás, o mote de todo o filme: a morte dos cinemas das pequenas cidades devido ao advento e popularização da TV dos anos 70 em diante.

Mas voltando ao enredo, logo somos apresentados a personagens que parecem saídos ou de um episódio da Escolinha do Professor Raimundo ou da Praça é Nossa. Tem de tudo: o prefeito corrupto, que até banco de praça inaugura, sua mulher perua e seus jagunços, o doido da cidade, que repete as coisas sem parar, o padre atrapalhado, o casalzinho de namorados, a “bicha solitária”* de uma pequena cidade interiorana, enfim, uma infinidade imensa de clichês costurados, de alguma forma, com filmes de kung-fu produzidos a toque de caixa.

Não é um filme que vai mudar a vida de alguém, mas vale a pena pelas risadas e pela lembrança de um tempo mais simples, no qual as pessoas eram apenas pessoas e conviviam umas com as outras sem tanta necessidade de recorrer a tecnologia.

* Não sou preconceituoso e nem homofóbico e ao utilizar o termo bicha solitária, quis me referir ao clichê de um homossexual cujos trejeitos afeminados o tornam uma figura solitária na pequena cidade onde vive, na qual “aparentemente” todos os demais moradores são héteros. Veja que esse tipo de estereótipo é bastante recorrente na teledramaturgia brasileira, como, por exemplo, o carismático Seu Peru, “a bicha divertida” da Escolinha do Professor Raimundo, interpretado originalmente pelo saudoso Orlando Drummond (1919-2021). Outra variante desse clichê é o da “bicha má”, como o famoso personagem Félix, o principal vilão numa novela de alguns anos atrás, interpretado por Mateus Solano. Não considero corretas tais versões caricatas, mas a efetiva representatividade de qualquer grupo social minoritário somente agora tornou-se tema debatido tanto nos meios de entretenimento e comunicação, quanto na sociedade.


Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cine_Holli%C3%BAdy

https://pt.wikipedia.org/wiki/Nuovo_Cinema_Paradiso

https://pt.wikipedia.org/wiki/Orlando_Drummond

 

 

 

 

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

1917

              Sim, trata-se de outro filme guerra de Hollywood, com soldados, tiros e algumas explosões. A grande diferença aqui é que o ponto central da trama não é a batalha em si, mas a tentativa de evitá-la.

           Dirigido por Sam Mendes (1965- ) e baseado, em parte, em uma história relatada a Mendes por seu avô, o escritor Alfred Mendes (1897-1991), o enredo do filme gira em torno de dois soldados da 1ª Guerra Mundial, William "Will" Schofield (George MacKay) e Thomas "Tom" Blake (Dean-Charles Chapman), que receberam a missão de entregar uma carta para evitar um ataque britânico ao exército alemão, que preparara uma armadilha para surpreender os ingleses.

          Quando somos introduzidos a dupla, ambos descansam num gramado, mas logo somos levados para junto deles no meio das trincheiras, numa cena filmada em plano sequência, sem cortes ou truques de câmera.

Os detalhes do cenário são impressionantes. E não só dessa cena, mas do filme como um todo. Num instante estamos em meio a um campo cheio de cerejeiras e em outro somos lançados a ruínas flamejantes, quase que saídas de um dos círculos do inferno de Dante.

Voltando a missão, se a mesma tem o potencial de salvar 1600 vidas, caso concluída com sucesso, é também motivo de atrito entre os amigos encarregados de cumpri-la. Enquanto Blake têm motivos pessoais para realizá-la (alertar o batalhão do irmão mais velho da armadilha alemã), Schofield mostra-se um tanto quanto relutante em embarcar em tal jornada, que apenas lhe foi imputada pela indicação de Blake (que simplesmente achou que seriam enviados para a linha de frente) e se o faz, é mais por camaradagem e amizade do que por dever e honra.

Sem mais delongas, é um retrato nu e cru da 1ª Guerra, sem nenhuma tentativa de glorificá-la ou embelezá-la, mostrando os bastidores da guerra que supostamente deveria ter acabado com todas as outras, mas falhou drasticamente em fazê-lo.

 




Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/1917_(filme)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sam_Mendes 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Hubert_Mendes

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

E A MÚSICA NUNCA PAROU...

 

          Este filme é um daqueles que poucos conhecem, mas quando o assistem, é impossível não o considerarem uma joia preciosa. Ao final da película, ou estão com um sorriso nos lábios ou com lágrimas nos olhos, senão ambos.

            Com um elenco encabeçado por um ator do calibre de J.K. Simmons (o John Jonah Jameson da trilogia original dos filmes do Homem-Aranha), o filme como ‘A MÚSICA NUNCA PAROU’ trata do bom e velho conflito de gerações através da família Sawyer.

         Henry (Simmons) e sua esposa Helen (Cara Seymour) não veem o seu único filho, Gabriel (Lou Taylor Pucci) há vinte anos, desde que ele saiu de casa para nunca mais voltar, devido a um conflito com os pais que não aprovavam o seu estilo de vida.

            O reencontro inesperado ocorre quando os Sawyer são avisados que seu filho, que passou as duas últimas décadas como um andarilho, viajando por aí, está hospitalizado por conta de um tumor em seu cérebro, que o faz sofrer de amnésia anterógrada, que lhe impede de recordar boa parte de seu passado ou até mesmo construir novas memórias.

            O que poderia ser uma tragédia sem igual, se torna uma oportunidade tanto para Henry, que tanto desaprovava o gosto musical de seu filho, quanto para Gabriel estreitarem os seus laços.

            A questão é que a trama se passa num período complicado da história dos Estados Unidos. Henry é um veterano da 2ª Guerra Mundial, enquanto a Guerra do Vietnã e a visões opostas de pai e filho a respeito do conflito são o principal motivo que levam Gabriel a sair de casa.

            Mas o que torna o filme, aliás toda história única é o elemento que ajuda numa parcial recuperação de Gabriel: a música. Tudo começa com os primeiros acordes da Marselhesa, o hino francês, parecem tirar Gabriel de seu estado catatônico, deixando o eufórico e eloquente, ainda que apenas por alguns instantes, já que o resto da música parece não lhe surtir o mesmo efeito.

            Eis que vem a grande descoberta: não era o hino francês que despertou Gabriel de seu transe, mas sim o início de sua música favorita dos tempos de adolescência, All you need is love, dos Beatles, que curiosamente utiliza a o início da Marselhesa como introdução.


            Então, a partir de sessões de musicoterapia, Gabriel começa a apresentar algum progresso, quando o seu cérebro é estimulado pelas músicas que marcaram sua juventude, o que anima Henry, a ponto dele ‘sacrificar’ o seu próprio gosto musical, um tanto mais conservador, para entender e criar laços mais profundos com o seu filho.

            Se até agora não consegui despertar a sua curiosidade ou ganhar a sua atenção, então esse filme não é para você. Caso contrário, sinto muito, nada mais posso revelar sem entregar a trama completa do filme. E que trama!




            Aqui eu me despeço, na esperança de que a música nunca pare na vida de nenhum de vocês. 

ENTREVISTA COM LUCIANO CARRIERI

  Luciano Carrierri  é um advogado e pai de família que nas horas vagas gosta de desbravar o mundo dos jogos de tabuleiro. Hoje conversarei ...