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terça-feira, 27 de setembro de 2022

CINE HOLLIÚDY



O filme Cine Holliúdy (2012), dirigido por Halder Gomes, até tenta ser a versão brasileira do incrível filme italiano Cinema Paradiso (1988), mas logo descamba na comédia pastelão, tão tradicional no cinema e no humor brasileiro, principalmente o cearense (aliás, o filme leva legendas justamente por ser narrado em “cearês”).

Se a trama começa de maneira dramática com Graciosa (Miriam Freeland) implorando ao marido Francisgleydisson (Edmilson Filho) para que deixe a vida de projetista itinerante de modo que o filho deles, Francin (Joel Gomes) tenha uma vida melhor, o homem pede mais uma chance a mulher, que acaba, por fim, cedendo.

 E assim a família cai na estrada, abordo de Wanderléia, a caminhonete amarela do grupo. Acabam por parar em Pacatuba, uma cidadezinha no interior do Ceará, aonde a televisão ainda não chegou, a não ser por uma exceção. Esse é, aliás, o mote de todo o filme: a morte dos cinemas das pequenas cidades devido ao advento e popularização da TV dos anos 70 em diante.

Mas voltando ao enredo, logo somos apresentados a personagens que parecem saídos ou de um episódio da Escolinha do Professor Raimundo ou da Praça é Nossa. Tem de tudo: o prefeito corrupto, que até banco de praça inaugura, sua mulher perua e seus jagunços, o doido da cidade, que repete as coisas sem parar, o padre atrapalhado, o casalzinho de namorados, a “bicha solitária”* de uma pequena cidade interiorana, enfim, uma infinidade imensa de clichês costurados, de alguma forma, com filmes de kung-fu produzidos a toque de caixa.

Não é um filme que vai mudar a vida de alguém, mas vale a pena pelas risadas e pela lembrança de um tempo mais simples, no qual as pessoas eram apenas pessoas e conviviam umas com as outras sem tanta necessidade de recorrer a tecnologia.

* Não sou preconceituoso e nem homofóbico e ao utilizar o termo bicha solitária, quis me referir ao clichê de um homossexual cujos trejeitos afeminados o tornam uma figura solitária na pequena cidade onde vive, na qual “aparentemente” todos os demais moradores são héteros. Veja que esse tipo de estereótipo é bastante recorrente na teledramaturgia brasileira, como, por exemplo, o carismático Seu Peru, “a bicha divertida” da Escolinha do Professor Raimundo, interpretado originalmente pelo saudoso Orlando Drummond (1919-2021). Outra variante desse clichê é o da “bicha má”, como o famoso personagem Félix, o principal vilão numa novela de alguns anos atrás, interpretado por Mateus Solano. Não considero corretas tais versões caricatas, mas a efetiva representatividade de qualquer grupo social minoritário somente agora tornou-se tema debatido tanto nos meios de entretenimento e comunicação, quanto na sociedade.


Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cine_Holli%C3%BAdy

https://pt.wikipedia.org/wiki/Nuovo_Cinema_Paradiso

https://pt.wikipedia.org/wiki/Orlando_Drummond

 

 

 

 

2 comentários:

  1. Parece ser legal. Gostei da maneira que descreveu. A série é continuação do filme ?

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    Respostas
    1. Pelo que eu saiba, tem uma sequência antes da série, Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral

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