O filme Cine Holliúdy
(2012), dirigido por Halder Gomes, até tenta ser a versão brasileira do
incrível filme italiano Cinema Paradiso (1988), mas logo descamba na comédia
pastelão, tão tradicional no cinema e no humor brasileiro, principalmente o
cearense (aliás, o filme leva legendas justamente por ser narrado em “cearês”).
Se a trama começa de
maneira dramática com Graciosa (Miriam Freeland) implorando ao marido Francisgleydisson
(Edmilson Filho) para que deixe a vida de projetista itinerante de modo que o filho
deles, Francin (Joel Gomes) tenha uma vida melhor, o homem pede mais uma chance
a mulher, que acaba, por fim, cedendo.
E assim a família cai na estrada, abordo de
Wanderléia, a caminhonete amarela do grupo. Acabam por parar em Pacatuba, uma
cidadezinha no interior do Ceará, aonde a televisão ainda não chegou, a não ser
por uma exceção. Esse é, aliás, o mote de todo o filme: a morte dos cinemas das
pequenas cidades devido ao advento e popularização da TV dos anos 70 em diante.
Mas voltando ao enredo,
logo somos apresentados a personagens que parecem saídos ou de um episódio da
Escolinha do Professor Raimundo ou da Praça é Nossa. Tem de tudo: o prefeito
corrupto, que até banco de praça inaugura, sua mulher perua e seus jagunços, o
doido da cidade, que repete as coisas sem parar, o padre atrapalhado, o casalzinho
de namorados, a “bicha solitária”* de uma pequena cidade interiorana, enfim,
uma infinidade imensa de clichês costurados, de alguma forma, com filmes de
kung-fu produzidos a toque de caixa.
Não é um filme que vai mudar a vida de alguém, mas vale a pena pelas risadas e pela lembrança de um tempo mais simples, no qual as pessoas eram apenas pessoas e conviviam umas com as outras sem tanta necessidade de recorrer a tecnologia.
* Não sou preconceituoso e nem homofóbico e ao
utilizar o termo bicha solitária, quis me referir ao clichê de um homossexual cujos trejeitos afeminados o tornam uma figura solitária na pequena cidade onde
vive, na qual “aparentemente” todos os demais moradores são héteros. Veja que
esse tipo de estereótipo é bastante recorrente na teledramaturgia brasileira,
como, por exemplo, o carismático Seu Peru, “a bicha divertida” da Escolinha do
Professor Raimundo, interpretado originalmente pelo saudoso Orlando Drummond
(1919-2021). Outra variante desse clichê é o da “bicha má”, como o famoso
personagem Félix, o
principal vilão numa novela de alguns anos atrás, interpretado por Mateus
Solano. Não considero corretas tais versões caricatas, mas a efetiva
representatividade de qualquer grupo social minoritário somente agora tornou-se
tema debatido tanto nos meios de entretenimento e comunicação, quanto na
sociedade.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cine_Holli%C3%BAdy
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nuovo_Cinema_Paradiso
https://pt.wikipedia.org/wiki/Orlando_Drummond
Parece ser legal. Gostei da maneira que descreveu. A série é continuação do filme ?
ResponderExcluirPelo que eu saiba, tem uma sequência antes da série, Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral
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