O meu primeiro contato com o filme ‘La Bamba’,
escrito e dirigido por Luís Valdez, foi através da Sessão da Tarde, em meados
dos anos 2000, quando ainda era um adolescente, mas por alguma razão não
terminei de assisti-lo, talvez por tido outra coisa mais importante para fazer,
o que foi uma pena, pois trata-se de uma película bastante divertida.
Agora,
mais de uma década depois, pude finalmente assisti-lo por completo. É uma trama animada que
conta a rápida ascensão a fama de Ritchie Valens (Lou Diamond Phillips). Para
quem não sabe, Valens foi uma figura real, um dos pioneiros do rock, durante o
final dos anos 50, junto a figuras como Buddy Holly e Eddie Cochran.
Ritchie
alcançou a fama muito cedo, mal tendo completado os seus dezessete anos de
idade. Por conta disso, podemos presenciar a sua juventude, o apoio
incondicional que recebeu de sua mãe, Connie (Rosanna DeSoto), em relação a sua
carreira, o seu conturbado relacionamento com o seu irmão mais velho Bob (Esai
Morales, de longe a melhor e mais profunda performance de todo filme) e o seu
primeiro amor, Donna (Danielle von Zerneck), para quem o cantor chega a compor
uma canção de mesmo nome.
Em
suma, ‘La Bamba’ é um filme sobre amadurecimento, do quão árduo é se tornar um
adulto, ainda mais nas circunstâncias em que Valens teve de fazê-lo, mas o fez
com muito bom humor e belas músicas, honrando as origens mexicanas de sua
família, adaptando a canção popular latina, que dá nome ao filme, ao clássico
do rock que hoje conhecemos.
Nota: não achei o trailer dublado, mas é só ativar as legendas em português nas configurações do vídeo.
Você
já teve a sensação de ter assistido anteriormente a um filme quando na verdade,
não viu? E não estou falando de remakes. Calma, não se preocupe que não estou
ficando louco.
Aliás,
é algo bastante comum na sétima arte, por isso resolvi escrever este artigo.
Nele, trato de dois longas, cujas premissas são essencialmente idênticas, a
ponto de beirar o plágio.
O
primeiro deles é ‘Um Salto para a Felicidade’ (Overboard,1987, algo como Fora
do Barco ou No Mar), dirigido por Gary Marshall e estrelado por Kurt Russell e
sua esposa Goldie Hawn. O outro é ‘Uma Quedinha de Natal’ (Falling for
Christmas, 2022, Caindo no Natal, numa tradução livre, lembrando que o verbo to
fall também significa se apaixonar, além de cair, no sentido de fall in love,
literalmente cair de amores), comandado pela diretora Janeen Damian e estrelado
por Lindsay Lohan e Chord Overstreet.
Em ambos, o enredo gira
em torno do seguinte: uma mulher rica se acidenta e perde a memória, indo morar
com um viúvo que, no primeiro caso, tem uma penca de filhos e, no segundo,
apenas uma filha. Outros aspectos que diferenciam as tramas são a temática
natalina, presente no segundo, mas não no primeiro e, o motivo do viúvo acolher
a rica desmemoriada. Em ‘Um Salto para a Felicidade’, o intuito é lhe ensinar
uma lição, enquanto que em ‘Uma Quedinha de Natal’, é por compaixão.
Basicamente, as diferenças terminam aí.
Mas você deve estar se
perguntando porque eu vi o longa de 2022 se ele tanto se assemelha ao de 1987,
mesmo não se tratando de um remake que, aliás, já foi realizado, sendo
estrelado por Anna Faris, mudando apenas que agora é o homem rico que perde a
memória. Bem, esta estranha coincidência foi uma das razões, quis ver até aonde
as semelhanças iriam.
A outra foi Lindsay
Lohan, atriz da qual sou fã desde que assisti sua performance como as gêmeas Hallie
e Annie em Operação Cupido (The Parent Trap, 1998, Armadilha para os Pais, que
aliás também se trata de um remake de um filme de 1961), mas que estava
afastada das telas há três anos.
Mas as semelhanças
apontadas entre os filmes não significam que sejam ruins, apenas demonstra a
falta de originalidade em Hollywood na atualidade. Ambos os longas possuem
pontos fortes. Em ‘Um Salto para a Felicidade’, a química entre Russel e Hawn é
excelente, muito provavelmente por conta de seu relacionamento fora das telas.
Kurt também entrega uma performance sarcástica e engraçada, a ponto de quase justificar o fato de seu
personagem ter se aproveitado da amnésia da personagem interpretada por Goldie.
Já em ‘Uma Quedinha de Natal’, o chamariz é a sua meiga protagonista (pelo
menos depois de perder a memória), personagens cuja interpretação é a especialidade
de Lindsay Lohan, que, apesar do hiato em sua carreira, entrega uma performance
consistente, ainda que pouco além do arroz com feijão, devido as limitações do
roteiro.
No mais, desejo a todos um Feliz Natal!
NOTA: coloquei o trailer, em inglês, do filme 'Um Salto para a Felicidade', assim como dois outros clipes com a dublagem clássica da Hebert Richers.
Recentemente, a cantora Irene Cara faleceu aos
63 anos. E a sua morte avivou em minha memória aquela canção que provavelmente foi
o seu derradeiro trabalho: What Feeling, música tema do filme Flashdance, de
1983, dirigido por Adrian Lyne e estrelado por Jennifer Beals e um dos
clássicos da Sessão da Tarde.
A
música em questão foi tão importante para o longa que não só fez parte de sua
cena mais antológica, como também ganhou o Óscar da Academia e o Globo de Ouro de
Melhor Canção Original.
Não Mexa com a Minha Filha (She’s Out of
Control, 1989, ‘Ela está fora de Controle’, numa tradução literal para o
português) aparenta ser só mais uma comédia adolescente, mas a sua premissa
subverte o gênero, pois o protagonista é o pai, Doug Simpson, brilhantemente
interpretado por Tony Danza, que tenta a todo custo impedir que o dito romance
adolescente aconteça, levando as consequências ao um nível muito alto,
literalmente.
Para
se ter ideia, a trama começa com um flashfoward, com Doug estacionando o seu
carro em frente à estação de rádio na qual trabalha, a KHEY. Ele adentra
furiosamente o edifício, entrando em um estúdio de gravação e atacando um dos
convidados de um programa ainda desconhecido para o espectador.
De
uma maneira inusitada, Doug acaba lançado por uma janela, do que aparenta ser
um dos andares mais altos do lugar, sendo levado às pressas para o hospital,
onde se descobre que os seus ferimentos, milagrosamente, foram mínimos, o que
em tese, o permitiria ir embora logo dali a não ser por um pequeno detalhe: ele
ainda tem que falar com a polícia sobre o acontecido e é assim que a trama
começa de verdade, com Doug narrando os acontecimentos que o levaram a tomar
tão drástica atitude.
Tudo
começa com o aniversário de quinze anos de sua filha mais velha, Katie (Ami
Dolenz), no qual Simpson a presenteia com um gigante urso de pelúcia e uma
passagem para uma viagem escolar para Europa, durante as férias de verão. Ele
ainda leva a Katie, na companhia da sua irmã mais nova Bonnie (Laura Mooney),
de Richard (Lance Wilson-White), namoradinho de Katie desde os tempos do
ginasial, a uma danceteria. Mas, ainda assim, a garota não parece muito feliz.
Lá
também somos apresentados a Janet Pearson (Catherine Hicks), namorada de Doug,
já que o mesmo é viúvo, e conta com Janet como o seu maior esteio na criação
das meninas, pois dá para ver que ela as ama como se fossem suas, devido ao
tratamento carinhoso e atencioso que dispensa as mesmas. Janet até convence
Katie a se abrir com o pai, contando que quer terminar com Richard.
Aí
que os problemas de fato começam. Durante uma viagem de negócios do pai, Katie
persuade Janet a ajudá-la com um plano: livrar-se do aparelho dentário,
substituir os óculos fundo de garrafa por lentes e um banho de loja. E assim a
gata borralheira torna-se Cinderela, com um monte de pretendentes batendo a sua
porta, para o imenso desespero de Doug que, em seu íntimo, não consegue aceitar
que sua menininha cresceu e tornou-se uma bela mulher, a ponto aceitar o
conselho de Janet e procurar ajuda psiquiátrica, na forma do Doutor Fishbinder
(Wallace Shawn).
E
assim a trama prossegue, com as tentativas infrutíferas de Doug tanto de lidar
com os namorados da filha, quanto aceitar o fato que Katie cresceu. Aqui é
interessante notar a dualidade da situação em que Simpson encontra-se: ele já
foi jovem uma vez e também foi o pesadelo do pai de alguma garota adolescente,
mas agora que é sua vez de lidar com o processo, não tem a menor ideia de como
fazê-lo.
Também
é digna de nota a atuação de Matthew Perry, o Chandler de Friends, no que
acredito ser um dos primeiros papeis de sua carreira: Timothy, um dos inúmeros
namorados de Katie.
Nota 1: esse não é o trailer do filme, mas os seus cinco primeiros minutos.
Nota 2: filme assistido através da plataforma HBO Max.
O que torna um filme interessante, atraente ao
seu espectador? Talvez a premissa seja o fator mais importante. Então, quando
eu me deparei com a ideia de uma fuga de prisioneiros de guerra por meio de uma
partida de futebol, fui fisgado rapidamente. Ainda mais com dois dos nomes
elenco Sylvester Stallone e Pelé, uma dupla um tanto quanto inusitada, ao meu
ver. É isso mesmo, o tricampeão mundial brasileiro de futebol, por muitos
considerado o ‘Rei’ de tal esporte, atua nessa película, num papel secundário,
com algumas poucas falas.
E
outra surpresa esperava-me nos créditos de abertura: a direção do longa, de
1981, coube ao lendário John Huston (1906-1987), um dos maiores cineastas de
sua geração, com base num roteiro de Yabo Yablonsky e Evan Jones, que fizeram
uma adaptação anglo-americana do filme, de 1961, Dois Tempos no Inferno (Two
Half Times in Hell), numa tradução livre, que por sua vez utilizou como fonte
um jogo real, ocorrido em 1942, conhecido como a Partida Mortal, entre
prisioneiros ucranianos soviéticos, forçados a trabalhar em fábricas do Reich
em Kiev, contra os seus captores nazistas.
Mas
a trama do longa de Huston é um tanto quanto diferente. Num campo de
prisioneiros da 2ª Guerra, em algum lugar da França, então ocupada pelos
nazistas, o seu comandante, o Major Karl Von Steiner (Max von Sydow, 1929-2020)
convence o Capitão John Colby (Michael Caine), um soldado que na sua vida civil
era um jogador profissional de futebol, a participar do que a princípio era um
amistoso entre um time formado pelos prisioneiros do campo e outro por seus
carcereiros.
No
entanto, o jogo ganha maiores proporções quando os superiores do Major Von
Steiner decidem utilizar a partida como forma de propaganda nazista,
transferindo a mesma para um estádio em Paris, ao mesmo tempo em que os
prisioneiros tramam um plano para escapar durante a ida ao estádio.
Fuga
para Vitória (Escape to Victory) é um filme empolgante, com as boas atuações de
Caine como Colby e Stallone como o astuto e sarcástico Hatch, goleiro do time
dos prisioneiros. Vale notar que, apesar da participação de Pelé ser de
coadjuvante, ele realizou a coreografia de todos os lances da partida de
futebol, realmente um show à parte, já que muitos outros jogadores
profissionais atuaram no longa, como Bobby Moore (1941-1993), campeão mundial
pela seleção inglesa, na Copa de 1966, e Osvaldo Ardiles, também campeão
mundial, mas pela seleção argentina na Copa de 1978.
E
o final não poderia ser mais belo e impactante.
Curiosidade:
QuandoChaves estreou,
em 24 Agosto de 1984, como um quadro da TV Powww!, as gravações do humorístico,
criado e estrelado por Chespirito (Roberto Gómez Bolaños, 1929-2014) já haviam
terminado há alguns anos, mesmo que seriado o tivesse permanecido vivo sob a
forma de esquetes dentro do programa Chespirito. Apesar disso, o programa
humorístico fez um imenso sucesso em terras tupiniquins, em grande parte por
conta da incrível dublagem, que soube com maestria adaptar as piadas e
trocadilhos presentes nos diálogos. Por conta disso, em dado episódio,
propriamente intitulado “Vamos ao Cinema?”, Chaves
reclama que “era melhor ter ido ver o filme do Pelé”, só que no original a
referência é ao filme El Chanfle, de 1979, escrito e protagonizado por
Chespirito, cuja temática é justamente o futebol. Então, qual seria o tal filme
do Pelé que o Chaves tanto menciona no capítulo? Muito provavelmente, trata-se
do filme Fuga a Vitória, acima resenhado, devido à proximidade de seu
lançamento, em 1981, e a estreia do programa humorístico Chaves no Brasil, em
1984.
* em memória do meu querido avô Levy Dorotheu dos Santos (28 de Março de 1938-02 de Novembro de 2014)
A trama de ‘Sobre Ontem à Noite’ (1986),
dirigido por Edward Zwick em seu debute no comando de um longa, é bastante
simples: garoto conhece garota, ambos flertam e acabam indo para cama, o que
acaba dando origem a um relacionamento e aos problemas que vem com ele...
Tudo
começa quando Dan (Rob Lowe) conhece Debbie (Demi Moore) num jogo de softball e
acaba reencontrando-a em um bar, na festa após o jogo. Daí o flerte acontece e
ambos acabam debaixo dos lençóis, para o desgosto de seus melhores amigos
Bernie Litko (Jim Belushi) e Joan Gunther (Elizabeth Perkins), que acham que
seus respectivos amigos não são bons um para o outro. O que não deixa de ser um
tanto óbvio, já que Bernie é um mulherengo convicto e Joan, aparentemente, é
uma mulher frígida, com um certo desdém por homens como Litko.
Enfim,
o que era para ser um enlace de apenas uma noite, entre Dan e Debbie, acaba não
sendo, seguindo-se de várias outras noites de amor da qual surge um
relacionamento entre o casal, que em pouco tempo passa a morar junto. Assim,
passamos a acompanhar as dificuldades desse relacionamento, seus altos e
baixos, até o seu término abrupto, devido a certo desgaste e falta de diálogo.
A partir de então, Dan percebe o quanto ama Debbie e passa a tentar ganhar o
seu amor de volta...
Em
geral, trata-se de um bom filme, agridoce em certos momentos e com um final
bonito, mas o vejo como uma oportunidade desperdiçada a partir do momento em
que o casal rompe, pois, o interessante, para mim, seria ver como eles
seguiriam em frente, juntos, apesar das dificuldades, encontrando um meio
termo, um equilíbrio entre os dois que pudesse dar vazão ao óbvio amor que sentiam
um pelo outro, saindo do lugar comum das comédias românticas nas quais garoto
conhece garota, apaixonam-se, um deles faz algo estúpido e tenta recuperar o
seu interesse amoroso, mostrando que mudou de alguma maneira...
Nota: acima segue o trailer do filme, que não consegui encontrar dublado, mas também achei um trecho, da abertura da película, dublado, o qual segue abaixo.
Mais um dos muitos clássicos da Sessão da
Tarde, ‘Os Aventureiros do Bairro Perdido (Big Trouble in Little China, algo
como Grande Problema na Pequena China, 1986) é um filme legal, que cumpre o que
promete: entrega quase duas horas de ação e aventura.
Dirigido
por John Carpenter, a trama começa numa delegacia de polícia, onde Egg Shen (Victor
Wong, 1927-2001) é interrogado sobre os estranhos acontecimentos que ocorreram
recentemente na Chinatown de São Francisco.
O
velho senhor chinês não cede, ainda mais quando é questionado sobre a
participação de Jack Burton (Kurt Russell) no evento. Então, após uma
surpreendente apresentação de magia, envolvendo raios, que até mesmo espanta o
delegado, somos levados a um passado recente e apresentados a Jack, um
caminhoneiro falastrão que chega a São Francisco e logo se envolve em uma
aposta com o seu amigo Wang Chi (Dennis Dun), um simpático dono de restaurante.
Para
o azar do chinês, ele perde todas as apostas e confessa a Jack que precisa do
dinheiro, pois está prestes a buscar a sua noiva, Miao Yin, uma chinesa de
raros olhos verdes, no aeroporto, mas que pagara Jack assim que retornar do
compromisso.
O
caminhoneiro, desconfiado, resolve dar uma carona ao amigo até o aeroporto e lá
que os problemas realmente começam, com Jack batendo cabeça com Grace Law (Kim
Cattrall) e com o rapto de Miao Yin por uma tong (espécie de gangue) chinesa.
A
partir daí a ação é frenética, percorrendo os subterrâneos de Chinatown,
através do covil de um espírito vingativo que tenta quebrar uma maldição que
lhe foi lançada há mais de dois mil anos.
Como
disse, o filme é legal, os personagens cativantes, cada um à sua maneira, mas a
sequência das ações desenvolve-se muito rápido, de tal maneira que fica difícil
acompanhar o seu ritmo, também dando pouco espaço para o desenvolvimento dos
personagens. Eles são o que são e só estão ali para fazer a trama andar, em
meio a inúmeras lutas de kung-fu e alguns estereótipos orientais que não seriam
muito bem aceitados hoje em dia.
O que dizer deste filme? Bom, para começar, é
um dos meus favoritos, que já assisti pelo menos três vezes. Também é um filme
premiado, tendo recebido tanto o Oscar como o Globo de Ouro de Melhor Filme
Estrangeiro de 1990, além de possuir uma incrível trilha sonora e uma
maravilhosa fotografia.
Originalmente
lançado na Itália, em 1988, sob o título original de Nuovo Cinema Paradiso, e
dirigido por Giuseppe Tornatore, também o roteirista do longa, o enredo trata
da vida do cineasta Salvatore Di Vita (Jacques Perrin em sua versão adulta),
que logo no início do filme recebe a notícia da morte de seu amigo e figura
paterna Alfredo (Philippe Noiret,1930-2006), através de um telefonema de sua
mãe.
Isso
o faz evocar as memórias de sua infância, quando era apenas Totó (Salvatore
Cascio), um garoto de oito anos que vivia sozinho com a sua mãe, uma viúva, no
vilarejo Giancaldo, alguns anos após o fim da Segunda Guerra Mundial.
O
menino, que era coroinha, sempre que podia passava o seu tempo livre assistindo
filmes no Cinema Paradiso, local onde Alfredo era o projetista. Assim, a dupla,
ainda que aos trancos e barrancos, desenvolve uma amizade que só se fortalece
com tempo, atravessando até mesmo um acidente na cabine de projeção, no qual
Alfredo perde a visão após salvar Totó do incêndio que se alastrara pelo local.
É
uma trama comovente, que lida com amadurecimentos, primeiros amores e a descoberta
de seu lugar no mundo como ser humano, o que, muitas vezes, pode não ser
fácil.
Nota: não encontrei o trailer dublado, então, como sempre, para aqueles que não dominam o inglês, é só ativar as legendas no próprio vídeo.
Bônus: a fantástica música tema composta por Ennio Morricone!
“Curtindo a Vida Adoidado” (Ferris Bueller’s
Day Off, no original, em inglês, cuja tradução livre é ‘O Dia de Folga de
Ferris Bueller’, daí o título do artigo) é um clássico filme da Sessão da Tarde.
Quem nunca o assistiu por lá pelo menos uma vez? Eu já. Aliás, o meu primeiro
contato com o mesmo se deu através de uma de tais exibições. Creio também ter
sido o primeiro trabalho do finado diretor John Hughes (1950-2009) que assisti
na vida, ainda que não soubesse se tratar de uma obra dele.
A
trama do filme, de 1986, é bastante simples, porém cativante: Ferris (Matthew
Broderick), o garoto mais popular da escola, que consegue escapar impune de
qualquer problema com sua engenhosidade, decide matar aula e tirar um dia de
folga. Afinal, o que poderia dar errado para ele?
No
entanto, o garoto não pretende partir sozinho em tal aventura, convencendo, com
algum custo, o seu melhor amigo, o deprimido Cameron (Alan Ruck) a ir com ele e
ainda por cima levar a Ferrari de seu tirano pai com eles.
A
partir daí, a loucura e a inconsequência correm soltas, desde buscar Sloane (Mia Sara), a
namorada de Ferris, mais cedo da escola, através de um ardil em que os garotos
conseguem se passar pelo pai dela no telefone e, até mesmo, impersoná-lo, na
cara dura, ainda que a distância, na frente do colégio, a uma visita ao Museu
de Arte de Chicago, no qual Cameron ‘se perde’ na pintura “Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte”, de George Seurat (1859-1891), que aliás, tornou-se a minha pintura favorita, da
qual até mesmo possuo uma réplica, pintada por minha falecida avó paterna, no
meu quarto, e a invasão de Ferris a uma parada, na qual ele dubla a versão da
música Twist and Shout dos Beatles, levando uma multidão a loucura, no que se
tornou uma cena antológica.
Vale
a pena conferir, pois, no final do dia, todos somos um pouco como Cameron,
ainda que, em nossos íntimos, quiséssemos ser mais audaciosos como Ferris e
encarar a vida sem medo.
Há diversos filmes que abordam a temática
adolescente, do que é viver esse período tão confuso, traumático e, ao mesmo
tempo, tão bom da vida de qualquer ser humano, mas nenhum deles é como o Clube
dos Cinco (The Breakfast Club, no original, em inglês).
A
trama é bastante simples: cinco estudantes, completamente diferentes, são
obrigados a passar a manhã de sábado na detenção por terem aprontado na escola.
Sim, à primeira vista,
os personagens podem parecer clichês: o valentão, o atleta, o nerd, a patricinha
e a gótica esquisita.Porém, eis que a
mágica acontece, pois o roteiro, do também diretor da película, o saudoso John
Hughes (1950-2009), proporciona-lhes profundidade, dando-lhes alma, de modo que qualquer
pessoa possa identificar-se com Bender, Andy, Brian, Claire e Allisson em algum
aspecto, ao ponto que o filme em si deixa de ser uma comédia para tornar-se um
drama adolescente.
E, por fim, o mais
interessante. A amizade que nasce entre o grupo baseia-se não em suas
diferenças sociais, mas em suas carências e necessidades emocionais, um elo
mais forte do que qualquer segunda-feira possa quebrar.
Creio que isso responda
a sua pergunta, Sr. Vernon.
Atenciosamente,
O Clube dos Cinco (e
mais um autor iludido que sempre sonhou em fazer parte de uma turma como essa)