Mais um dos muitos clássicos da Sessão da
Tarde, ‘Os Aventureiros do Bairro Perdido (Big Trouble in Little China, algo
como Grande Problema na Pequena China, 1986) é um filme legal, que cumpre o que
promete: entrega quase duas horas de ação e aventura.
Dirigido
por John Carpenter, a trama começa numa delegacia de polícia, onde Egg Shen (Victor
Wong, 1927-2001) é interrogado sobre os estranhos acontecimentos que ocorreram
recentemente na Chinatown de São Francisco.
O
velho senhor chinês não cede, ainda mais quando é questionado sobre a
participação de Jack Burton (Kurt Russell) no evento. Então, após uma
surpreendente apresentação de magia, envolvendo raios, que até mesmo espanta o
delegado, somos levados a um passado recente e apresentados a Jack, um
caminhoneiro falastrão que chega a São Francisco e logo se envolve em uma
aposta com o seu amigo Wang Chi (Dennis Dun), um simpático dono de restaurante.
Para
o azar do chinês, ele perde todas as apostas e confessa a Jack que precisa do
dinheiro, pois está prestes a buscar a sua noiva, Miao Yin, uma chinesa de
raros olhos verdes, no aeroporto, mas que pagara Jack assim que retornar do
compromisso.
O
caminhoneiro, desconfiado, resolve dar uma carona ao amigo até o aeroporto e lá
que os problemas realmente começam, com Jack batendo cabeça com Grace Law (Kim
Cattrall) e com o rapto de Miao Yin por uma tong (espécie de gangue) chinesa.
A
partir daí a ação é frenética, percorrendo os subterrâneos de Chinatown,
através do covil de um espírito vingativo que tenta quebrar uma maldição que
lhe foi lançada há mais de dois mil anos.
Como
disse, o filme é legal, os personagens cativantes, cada um à sua maneira, mas a
sequência das ações desenvolve-se muito rápido, de tal maneira que fica difícil
acompanhar o seu ritmo, também dando pouco espaço para o desenvolvimento dos
personagens. Eles são o que são e só estão ali para fazer a trama andar, em
meio a inúmeras lutas de kung-fu e alguns estereótipos orientais que não seriam
muito bem aceitados hoje em dia.
Pense na premissa mais implausível para um
filme. Pensou? Pois é a desse: Walter (Leandro Hassum), um quadrado funcionário
de uma loja de instrumentos musicais, tem um piripaque devido ao excesso de
barulho decorrente de sua profissão e é levado às pressas ao hospital, onde
descobre que seus nervos podem, literalmente, explodir por causa de qualquer
som mais elevado (o que deveria tê-lo levado ao óbito nos primeiros dez minutos
de filme...)
A
solução recomendada pela doutora e adotada por Walter e sua esposa Joana (Júlia
Rabello) é mudarem-se para uma casa de campo na serra. Mas o sossego dura pouco
quando Toninho (Maurício Manfrini) e família retornam de viagem justo para casa
do lado, fazendo o maior estardalhaço. Acontece que Toninho é mestre de bateria
de uma escola de samba e as festas e ensaios em sua casa são frequentes, para o
desespero total do casal ao lado.
A
trama e o roteiro, como um todo, são para lá de previsíveis, a ponto do
telespectador conseguir adivinhar o que acontecerá em seguida sem esforço
algum, como no caso da cena dos policiais e do envolvimento amoroso, ao melhor
estilo Romeu e Julieta, dos filhos dos vizinhos rivais. Bem, pelo menos da
parte de Walter, que se incomoda muito com a ideia de que a filha Camila (Julia
Foti) esteja namorando Arthur (Lucas Leto), ainda mais com as infindáveis
piadas de Toninho sobre o seu filho estar “traçando” a filha do rival.
As
atuações de Hassum e Manfrini são tão caricatas, em pelo menos três quartos do
filme, que chega a incomodar bastante. O que realmente salva a película é a
presença de Júlia Rabello, pois a sua interpretação é, ao mesmo tempo, natural,
convincente e engraçada, sem maneirismos exagerados e, muito provavelmente,
reflexo de sua passagem pelo Portas dos Fundos, cujo um dos vídeos mais famosos
é estrelado justamente por ela (Sobre a Mesa) e é referenciado/reverenciado
numa cena de jantar em família.
As
coisas só vão melhorar lá pelo último quarto do filme, quando ao invés de atuar
como antagonistas, os personagens de Hassum e Manfrini acabam por desenvolver
uma inusitada parceria que acaba por ascender um ótimo timing cômico entre a
dupla, pena que desperdiçado no restante da película.
Por uma série de razões, este artigo é muito especial para mim . Bem, vamos a elas. A primeira delas é o meu retorno a uma sala
de cinema depois de muito tempo, desde antes do começo da pandemia. E não há
nada mais mágico do que as luzes de uma sala de cinema apagando-se, quando o
filme está prestes a começar. É um misto de expectativa e desejo por aventura,
pois nunca se sabe o que a tela grande vai nos proporcionar.
A
segunda razão é o meu imensurável amor por quadrinhos, que cultivo desde a
infância, o que nos leva a última, mas não menos importante razão, a nostalgia.
Pude lembrar-me claramente de um menino de oito anos que, em Maio de 2002,
esperava ansiosamente, na fila, para ver o seu herói favorito, um certo
escalador de paredes, ganhar as telas pela primeira vez.
Mas
o Cabeça de Teia não é o foco aqui e, sim um obscuro personagem (e não por
causa de sua alcunha) da Distinta
Concorrência: o Adão Negro. Deixe-me explicar melhor. Para início de
conversa, o personagem em questão surgiu como um vilão do Capitão Marvel
original (o agora chamado Shazam, mas que anteriormente foi o primeiro a ter
tal título até que a DC Comics, atual detentora dos direitos do mesmo, achá-lo
muito similar ao seu principal medalhão, o Superman, e resolver processar a
Fawcett, editora que publicava as aventuras do herói, fazendo com que o Capitão
ficasse no limbo editorial por décadas, o que levou a editora Marvel, já em meados dos anos 60, a
criar um herói com o mesmo nome para poder registrar os direitos da marca, do
qual aliás, Carol Danvers era só coadjuvante, tendo levado décadas para ganhar
a posição destaque que merece e conquistou a tanto custo. Enfim, por ironia do
destino a DC acabou adquirindo os direitos de toda a Família Marvel no início
dos anos 70 e não mais podia usar o título de Capitão Marvel nas capas de suas
revistas) na revista Família Marvel 1, de Dezembro de 1945, ficando décadas sem
aparecer depois disso, não só por causa de toda questão processual acima mencionada,
mas também por ser o tipo de vilão que morria no final de sua primeira aparição nas
páginas dos quadrinhos.
Depois
dessa longa e complicada explicação (a qual espero que todos tenham entendido,
pois é tudo bastante confuso mesmo...), vamos ao filme. Dirigido por Jaume
Collet-Serra, com base no roteiro de Adam Sztykiel, Rory Haines e Sohrab
Noshirvani, a história se passa 2600 anos antes da Era comum, na nação fictícia
do Kahndaq, na qual um jovem escravo ousa se rebelar contra o tirano rei Anh-Kot,
sendo condenado à morte por tanto, mas os Magos da Rocha da Eternidade (aquela
mesma na qual Billy Batson ganha os seus poderes) o salvam e lhe concedem
incríveis habilidades, desde que o garoto diga a palavra mágica (shazam).
Assim, surge o Adão Negro (Dwayne Johnson), que impede que o cruel monarca
utilize a recém completada coroa de Sabbac.
Já
no presente, o Adão Negro não passa de uma lenda em seu país natal, agora
dominado pela Intergangue, cujo objetivo é encontrar a dita coroa. Mas eles
encontram na professora universitária Adriana (Sarah Shahi) uma pedra no
sapato, que acaba acidentalmente libertando o Adão Negro de sua tumba, onde
também estava escondida a coroa demoníaca.
O
ressurgimento do Adão Negro chama a atenção de Amanda Waller (Viola Davis) que
contata a Sociedade da Justiça, formada pelo Gavião Negro (Aldis Hodge), Doutor
Destino (Pierce Brosnan) e os dois novatos, Ciclone (Quintessa Swindell) e
Esmaga-Átomo (Noah Centineo), para lidar com a situação, pondo a equipe
super-heróica em rota de colisão com o anti-herói kahndaquiano.
Mais
do que isso não posso revelar, pois seria entregar por demasia o enredo. O
importante é que saibam que a ação é frenética, sendo o foco de todo o longa, esse basicamente movido a efeitos especiais, sem muito espaço para o desenvolvimento
de personagens, com a exceção óbvia do Adão Negro, cujos passado e dores são
aprofundados. Você também vai rir um pouco, como também se divertir, mas não é
um filme inesquecível, somente mais um blockbuster caça-níquel.
Talvez
por isso, quando em relação aos quadrinhos, eu tenha me atido aos gibis,
deixando de lado os filmes super-heróicos já há algum tempo.
NOTA: SPOILERS NO TRAILER! Procurei, mas não encontrei uma versão sem spoilers, então quem AINDA não assistiu o filme, CUIDADO!
Alguns filmes são como uma caixa de chocolates,
sempre que os assistimos, deparamo-nos com algo novo. É o caso de Forrest Gump
(1994), dirigido pelo incrível Robert Zemeckis, também responsável pela não
menos notável trilogia De Volta Para o Futuro.
Ganhador
de diversos prêmios, inclusive os Óscares da Academia de Melhores Filme,
Roteiro Adaptado, Diretor e Ator, o filme gira em torno do personagem título
(brilhantemente interpretado por Tom Hanks na fase adulta, diga-se de
passagem), um sujeito comum, que apesar de suas dificuldades intelectuais, é
criado com todo amor e carinho por sua mãe (Sally Field), que faz das tripas
coração para sustentar o seu rebento, desde transformar sua casa em um
pensionato a até mesmo vender o seu corpo para garantir que o seu filho pudesse
frequentar a escola local.
Forrest
até poderia ter uma vida solitária devido a sua deficiência intelectual e o seu
problema nas pernas, que o forçou a usar um aparelho ortopédico, mas o seu bom
coração e ingenuidade o tornam o amigo perfeito para Jenny (Robin Wright na
fase adulta), uma garota abusada pelo pai, que o menino conhece no ônibus para
a escola.
Assim,
conforme Forrest cresce, a sua vida entrelaça-se com a história americana da
segunda metade do século XX, seja conhecendo um jovem Elvis Presley, a quem
inspira os movimentos dos quadris, ou participando da Guerra do Vietnã, junto
de seus amigos Bubba (Mykelti Williamson), um especialista em camarões, e o Tenente
Dan Taylor (Gary Sinise), e até mesmo tendo participação ativa no escândalo
Watergate, realizando o telefonema que desencadearia a investigação.
Mais
do que isso, Forrest Gump é um filme sobre a vida e como ela é leve como uma
pluma, sempre nos levando a lugares inesperados.
O que dizer deste filme? Bom, para começar, é
um dos meus favoritos, que já assisti pelo menos três vezes. Também é um filme
premiado, tendo recebido tanto o Oscar como o Globo de Ouro de Melhor Filme
Estrangeiro de 1990, além de possuir uma incrível trilha sonora e uma
maravilhosa fotografia.
Originalmente
lançado na Itália, em 1988, sob o título original de Nuovo Cinema Paradiso, e
dirigido por Giuseppe Tornatore, também o roteirista do longa, o enredo trata
da vida do cineasta Salvatore Di Vita (Jacques Perrin em sua versão adulta),
que logo no início do filme recebe a notícia da morte de seu amigo e figura
paterna Alfredo (Philippe Noiret,1930-2006), através de um telefonema de sua
mãe.
Isso
o faz evocar as memórias de sua infância, quando era apenas Totó (Salvatore
Cascio), um garoto de oito anos que vivia sozinho com a sua mãe, uma viúva, no
vilarejo Giancaldo, alguns anos após o fim da Segunda Guerra Mundial.
O
menino, que era coroinha, sempre que podia passava o seu tempo livre assistindo
filmes no Cinema Paradiso, local onde Alfredo era o projetista. Assim, a dupla,
ainda que aos trancos e barrancos, desenvolve uma amizade que só se fortalece
com tempo, atravessando até mesmo um acidente na cabine de projeção, no qual
Alfredo perde a visão após salvar Totó do incêndio que se alastrara pelo local.
É
uma trama comovente, que lida com amadurecimentos, primeiros amores e a descoberta
de seu lugar no mundo como ser humano, o que, muitas vezes, pode não ser
fácil.
Nota: não encontrei o trailer dublado, então, como sempre, para aqueles que não dominam o inglês, é só ativar as legendas no próprio vídeo.
Bônus: a fantástica música tema composta por Ennio Morricone!
Como todo filme de Baz Luhrmann, diretor de
películas como 'Moulin Rouge' e 'O Grande Gatsby', 'Elvis' é um filme glamoroso,
cheio de cor, brilho, vida e até mesmo um certo grau de megalomania, mas de
certa forma funciona.
O
roteiro não é lá essas coisas, apressando e compactando muitos dos momentos
marcantes da trajetória do Rei do Rock. O que salva mesmo o filme, além de um
bom enredo (a vida de Elvis Presley), são as atuações de Austin Butler, como o
personagem título, e de Tom Hanks como o seu empresário, o “Coronel” Tom
Parker. Aliás, é muito difícil que Hanks entregue uma performance ruim, o que
de fato não acontece aqui. Sua caracterização e maquiagem estão impecáveis, só
é um tanto estranha a escolha de narrar a história de Elvis através dos olhos,
ou melhor, perspectiva, do dito “Coronel”.
Quanto
a Butler, admito ter torcido o nariz quando soube de sua escalação para o papel
principal, mas ele me surpreendeu, superando todas as minhas expectativas.
Junto da caracterização, o ator entrega uma performance realista, roubando a
cena em vários momentos, apesar das já apontadas limitações do roteiro.
Por
fim, é digna de nota a atuação de Olivia DeJonge que, mesmo com o seu pouco
tempo de tela, consegue comover com sua atuação e fazer parecer que o
relacionamento entre o Elvis e a Priscilla da tela grande era mesmo real.
Robbie Coltrane (1950-2022) foi um grande ator britânico, conhecido por uma variedade de papeis, mas para muitos, inclusive para mim, será sempre lembrado como o bondoso meio-gigante Rúbeo Hagrid, Guardião das Chaves de Hogwarts e seu professor de Trato de Criaturas Mágicas. Ontem, desde a triste notícia de sua partida, tenho pensado na melhor forma de homenageá-lo. Não consegui pensar em nada melhor que a cena final de Harry Potter e a Pedra Filosofal. Então, magos e bruxas de todo o mundo ergam as suas varinhas e gritem 'Lumos' a plenos pulmões para que aonde Robbie estiver, nossa luz consiga alcançá-lo!