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segunda-feira, 24 de outubro de 2022

ADÃO NEGRO

 

            Por uma série de razões, este artigo é muito especial para mim . Bem, vamos a elas. A primeira delas é o meu retorno a uma sala de cinema depois de muito tempo, desde antes do começo da pandemia. E não há nada mais mágico do que as luzes de uma sala de cinema apagando-se, quando o filme está prestes a começar. É um misto de expectativa e desejo por aventura, pois nunca se sabe o que a tela grande vai nos proporcionar.

            A segunda razão é o meu imensurável amor por quadrinhos, que cultivo desde a infância, o que nos leva a última, mas não menos importante razão, a nostalgia. Pude lembrar-me claramente de um menino de oito anos que, em Maio de 2002, esperava ansiosamente, na fila, para ver o seu herói favorito, um certo escalador de paredes, ganhar as telas pela primeira vez.

            Mas o Cabeça de Teia não é o foco aqui e, sim um obscuro personagem (e não por causa de sua alcunha) da Distinta Concorrência: o Adão Negro. Deixe-me explicar melhor. Para início de conversa, o personagem em questão surgiu como um vilão do Capitão Marvel original (o agora chamado Shazam, mas que anteriormente foi o primeiro a ter tal título até que a DC Comics, atual detentora dos direitos do mesmo, achá-lo muito similar ao seu principal medalhão, o Superman, e resolver processar a Fawcett, editora que publicava as aventuras do herói, fazendo com que o Capitão ficasse no limbo editorial por décadas, o que levou a  editora Marvel, já em meados dos anos 60, a criar um herói com o mesmo nome para poder registrar os direitos da marca, do qual aliás, Carol Danvers era só coadjuvante, tendo levado décadas para ganhar a posição destaque que merece e conquistou a tanto custo. Enfim, por ironia do destino a DC acabou adquirindo os direitos de toda a Família Marvel no início dos anos 70 e não mais podia usar o título de Capitão Marvel nas capas de suas revistas) na revista Família Marvel 1, de Dezembro de 1945, ficando décadas sem aparecer depois disso, não só por causa de toda questão processual acima mencionada, mas também por ser o tipo de vilão que morria no final de sua primeira aparição nas páginas dos quadrinhos.

            Depois dessa longa e complicada explicação (a qual espero que todos tenham entendido, pois é tudo bastante confuso mesmo...), vamos ao filme. Dirigido por Jaume Collet-Serra, com base no roteiro de Adam Sztykiel, Rory Haines e Sohrab Noshirvani, a história se passa 2600 anos antes da Era comum, na nação fictícia do Kahndaq, na qual um jovem escravo ousa se rebelar contra o tirano rei Anh-Kot, sendo condenado à morte por tanto, mas os Magos da Rocha da Eternidade (aquela mesma na qual Billy Batson ganha os seus poderes) o salvam e lhe concedem incríveis habilidades, desde que o garoto diga a palavra mágica (shazam). Assim, surge o Adão Negro (Dwayne Johnson), que impede que o cruel monarca utilize a recém completada coroa de Sabbac.

            Já no presente, o Adão Negro não passa de uma lenda em seu país natal, agora dominado pela Intergangue, cujo objetivo é encontrar a dita coroa. Mas eles encontram na professora universitária Adriana (Sarah Shahi) uma pedra no sapato, que acaba acidentalmente libertando o Adão Negro de sua tumba, onde também estava escondida a coroa demoníaca.

            O ressurgimento do Adão Negro chama a atenção de Amanda Waller (Viola Davis) que contata a Sociedade da Justiça, formada pelo Gavião Negro (Aldis Hodge), Doutor Destino (Pierce Brosnan) e os dois novatos, Ciclone (Quintessa Swindell) e Esmaga-Átomo (Noah Centineo), para lidar com a situação, pondo a equipe super-heróica em rota de colisão com o anti-herói kahndaquiano.  

            Mais do que isso não posso revelar, pois seria entregar por demasia o enredo. O importante é que saibam que a ação é frenética, sendo o foco de todo o longa, esse basicamente movido a efeitos especiais, sem muito espaço para o desenvolvimento de personagens, com a exceção óbvia do Adão Negro, cujos passado e dores são aprofundados. Você também vai rir um pouco, como também se divertir, mas não é um filme inesquecível, somente mais um blockbuster caça-níquel.

            Talvez por isso, quando em relação aos quadrinhos, eu tenha me atido aos gibis, deixando de lado os filmes super-heróicos já há algum tempo. 

NOTA: SPOILERS NO TRAILER! Procurei, mas não encontrei uma versão sem spoilers, então quem AINDA não assistiu o filme, CUIDADO!


Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Homem-Aranha_(filme)

https://en.wikipedia.org/wiki/Black_Adam#DC_Comics

https://en.wikipedia.org/wiki/Black_Adam_(film)

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