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terça-feira, 17 de janeiro de 2023

ETERNAMENTE JOVEM

 

       Apesar de baseado num clichê recorrente da literatura norte-americana, o do homem que dorme por vários anos para acordar no futuro, cujos exemplos vão desde o conto ‘Rip Van Winkle’, do autor Washington Irving (1783-1859) às mais recentes aventuras de Buck Rogers, herói dos livros pulps e das tiras em quadrinhos, criado por Philip Francis Nowlan (1888-1940) no princípio do século XX, o filme Eternamente Jovem (Forever Young,1992), dirigido por Steve Miner, com base num roteiro de J.J. Abrams, e estrelado por Mel Gibson, é uma aventura cativante sobre amor e perda, do que o ser humano é capaz para lidar com as suas emoções em relação a ausência daqueles que se vão.

           A trama gira em torno do piloto de testes Daniel McCormick (Mel Gibson) que, inconsolável com o acidente que deixou a sua namorada Helen (Isabel Glasser) em um coma aparentemente irreversível, aceita participar de um experimento de criogenia do seu amigo cientista Harry Finley (George Wendt) que o deixaria em suspensão criogênica durante um ano.

            Mas algo dá errado e quando o piloto é acordado por Nat Cooper (Elijah Wood) e seu amigo Félix (Robert Hy Gorman), mais de cinquenta anos se passaram. A partir daí, Daniel tem que descobrir não só o que deu errado com o experimento, mas também redescobrir o mundo, que não é mais o mesmo daquele que era em 1939, ano em que se deu a experiência.

            Assim, ele parte em busca de respostas sobre o que aconteceu com as pessoas com quem conviveu no passado, auxiliado por Nat, que acaba encontrando no piloto a figura paterna que tanto faltava em sua vida.

     É um bom filme, cuja mensagem é de amor e esperança, mas, principalmente, de que nunca se deve deixar para depois algo que se pode fazer agora, pois instantes antes do acidente que deixou Helen em coma, McCormick pretendia pedi-la em casamento, porém hesitou e tudo se perdeu.




Nota: o trailer que consegui legendado estava com a qualidade da imagem muito ruim, então também postei uma versão sem legendas.

Fontes:

 https://pt.wikipedia.org/wiki/Rip_van_Winkle

https://pt.wikipedia.org/wiki/Buck_Rogers

https://pt.wikipedia.org/wiki/Eternamente_Jovem

 

domingo, 15 de janeiro de 2023

ENTREVISTA COM ANITA GALVÃO

Estou aqui com Anita Galvão, uma das fundadoras do grupo CineClássico do Facebook, e vamos conversar uma pouco sobre a sua paixão pelo cinema.

               1.    Oi, Anita. Como vai?

R: Oi. Estou bem e você?

2.    Também. Muito obrigado por perguntar. Para começar, por que não começa falando um pouco sobre você?

R: Sou advogada aposentada, viúva e com dois filhos adultos.

3.    Qual foi o seu primeiro contato com o cinema? Você se lembra?

R: Meu primeiro contato foi assistindo Branca de Neve e os Sete Anões, no cinema, e depois Bambi. Era muito pequena. Devia ter uns 3 ou 4 anos.

4.    E o interesse pela sétima arte quando, de fato, começou?

R: Na época, os filmes demoravam de 3 a 4 anos para chegarem por aqui e passar no cinema. Não existia vídeo, então, na TV passavam filmes clássicos maravilhosos que eu assistia com o meu pai.

5.    Como surgiu o grupo CineClássico?

R: Sou membro de vários grupos de cinema, no entanto, o foco deles era cinema atual e os clássicos eram relegados ao segundo plano. Então, o Zeca, meu amigo, falou que gostaria de montar um grupo sobre cinema clássico comigo. Assim, em junho de 2021, surgiu o CineClássico, porque eu só assisto a filmes velhos (risos).  

6.    E como você se envolveu com ele?

R: Na montagem do grupo convidei a Nouah, a Fran e a Madalena para serem moderadoras, o que foi fundamental para a formação do grupo. Sem elas não seria o grupo que é.

7.    Qual a área de atuação do grupo? E em quais mídias e redes sociais?

R: Só permitimos posts sobre produções cinematográficas de 1910 até 1969. Estamos no Facebook, Instagram e Titok com conteúdos diferentes em cada rede social.

8.    É verdade que até mesmo algumas celebridades internacionais fazem parte do grupo?

R: No Facebook temos alguns artistas brasileiros e a Sharon Stone nos segue no Instagram.

Para terminar algumas perguntas sobre as suas preferências cinematográficas:

9.    Qual o seu filme favorito da era clássica do cinema? E por quê?

R: Tenho vários filmes favoritos, mas amo todos do Billy Wilder. Em especial, Crepúsculo dos Deuses e Quanto Mais Quente Melhor.

10. Existe alguma cena que te marcou muito? Por que?

R: vi no cinema E o Vento Levou com meus pais, a cena das pessoas mortas e feridas na Guerra de Secessão me marcou muito. Tinha lido o livro que foi bem fiel.

11. Qual a sua atriz favorita do período?

R: Tenho duas: Bette Davis e Audrey Hepburn. 

12. Qual o seu ator favorito da época?

                     R: Cary Grant  

sábado, 14 de janeiro de 2023

PINÓQUIO

       A nova versão do filme Pinóquio, de 2022, comandada por Robert Zemeckis, é alegre divertida, cheia de cor e vida.

          Assim como o desenho de 1940, a história aqui é praticamente a mesma, com apenas alguns acréscimos de personagens, como Sofia (Lorraine Bracco), a gaivota, Fabiana (Kyanne Lamaya), a marionetista deficiente, e Sabina (Jaquita Ta'le), sua boneca bailarina.

          Mas não se preocupe que todos os personagens antigos ainda estão lá: um carismático Gepetto, interpretado de maneira sensacional por Tom Hanks, a Fada Azul (Cynthia Erivo), o Grilo Falante (Joseph Gordon-Levitt), João Honesto (Keegan-Michael Key), o gato Fígaro e, é claro, Pinóquio (Benjamin Evan Ainsworth), ainda que a computação gráfica desse último deixe um pouco a desejar, não sendo tão realista quanto as dos demais personagens (realista para um boneco, digo).

      E por falar em Gepetto, a sua backstory é expandida nessa segunda versão. Aqui ele é um viúvo que também perdeu o seu único filho, o que explica tanto a sua solidão quanto a motivação de seu pedido a estrela cadente, posteriormente atendido pela Fada Azul.

       Os cenários e os efeitos visuais são fantásticos e as músicas contagiantes, mas no fim das contas o que vende o filme é a nostalgia, pelo menos para os adultos, que veem as suas infâncias ganharem vida de uma forma totalmente nova.

        Carlo Collodi (1826-1890), o autor do conto de fadas que inspirou ambas as versões disneynianas, não poderia estar mais orgulhoso de suas criações, se aqui estivesse para ver a grandiosidade que alcançaram, apesar de algumas mudanças no enredo devido ao que, agora, é politicamente correto.



Nota: disponível no Disney Plus 

Fontes:

https://www.imdb.com/title/tt4593060/

https://www.imdb.com/name/nm0172830/?ref_=tt_cl_wr_3

 

  

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

E O VENTO LEVOU...

            Quem é Scarlett O’Hara (Vivien Leigh, 1913-1967)? Essa é a pergunta que o filme ‘E o Vento Levou...’, de 1939, dirigido por Victor Fleming (1889-1949), com base no único romance escrito pela jornalista Margaret Mitchell (1900-1949), durante um período de convalescência, tenta responder.

           Não que seja um mistério.  O roteiro, adaptado por Sidney Howard (1891-1939), logo nos mostra a garota fútil, mimada e arrogante que Scarlett é, o tipo de personagem que todo mundo adora odiar. A grande questão é quem ela vai se tornar.

            Logo no início do filme, a adolescente tem as suas ilusões românticas acerca do vizinho Ashley Wilkes (Leslie Howard, 1893-1943) destroçadas, ao saber do noivado do mesmo com sua prima Melanie Hamilton (Olivia de Havilland, 1916-2020).

Ainda muito ingênua e acreditando que tudo não passa de um engano, que o mundo continua aos seus pés, Scarlett resolve tomar uma atitude, um primeiro indício de que ela não é como as outras damas de sua geração, possuindo alguma garra e fibra para lutar pelo que quer (ou pelo menos imagina querer).

Então, durante o churrasco de comemoração do noivado em Twelve Oaks (Doze Carvalhos), a fazenda dos Wilkes, Scarlett espera todas as damas terem se retirado para descansar e encurrala Ashley na biblioteca da casa principal, declarando a ele o seu amor, deixando todo o seu orgulho de lado, e dizendo que ele deve se casar com ela.

O Sr. Wilkes, apesar de tentado, a recusa, muito devido a sua honra e palavra de um cavalheiro do Sul, abandonando uma furiosa Scarlett na biblioteca, que não perde tempo ao arremessar um vaso contra uma parede, demonstrando toda a sua frustração.

Aí que percebemos que a dupla não estava sozinha durante a confissão da moça, pois Rhett Butler (Clark Gable, 1901-1960) faz notar a sua presença, levantando-se do sofá no qual estava deitado no cômodo.

Ele alfineta Scarlett por conta de seu comportamento tolo, que poderia pôr a reputação dela a perder. E assim começa um relacionamento de gato e rato, pois ao mesmo tempo que Rhett ama e deseja a moça, ajudando-a como pode, também não pode deixar de espezinhá-la, de modo a atiçá-la, não só a confessar os seus sentimentos por ele, mas também a expandir os seus horizontes e perceber que o mundo não gira em torno de seu próprio umbigo. Não que Scarlett deixe barato, tendo sempre pronta uma resposta na ponta da língua ou uma provocação para Rhett.

Mas nem tudo são flores na concretização de tal romance. Vários osbstáculos se entrepõem a felicidade de ambos, como a eclosão da Guerra Civil Americana, o incêndio de Atlanta e muitas outras situações, que não vou relatar para não estragar a surpresa de quem for assistir ao filme.

Só adianto isso: o filme é tão bom que levou para casa as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Diretor (para Fleming), Melhor Atriz (para Vivien Leigh), Melhor Atriz Coadjuvante para Hattie McDaniel (1893-1952) por sua interpretação da escrava Mammy, a mucama de Sacarlett, sendo a primeira pessoa negra a alcançar tal feito, Melhor Roteiro (para Sidney Howard, ainda que postumamente), Melhor Fotografia e Direção de Arte, como não poderia deixar de ser com os seus cenários deslumbrantes, bastante detalhados e coloridos, o que creio ter sido uma grande novidade para época.

 



Nota: filme disponível no HBO Max para assinantes ou no Youtube para compra

Fontes:

https://en.wikipedia.org/wiki/Gone_with_the_Wind_(film)

https://en.wikipedia.org/wiki/Vivien_Leigh

https://en.wikipedia.org/wiki/Victor_Fleming

https://en.wikipedia.org/wiki/Margaret_Mitchell

https://en.wikipedia.org/wiki/Sidney_Howard

https://en.wikipedia.org/wiki/Leslie_Howard

https://en.wikipedia.org/wiki/Olivia_de_Havilland

https://en.wikipedia.org/wiki/Clark_Gable

https://en.wikipedia.org/wiki/Hattie_McDaniel

 

domingo, 8 de janeiro de 2023

O DIABO FEITO MULHER

            Este filme, de 1952, não é como os outros faroestes. Para começar, foi dirigido por Fritz Lang (1890-1976), cineasta expoente do expressionismo alemão no cinema da década de 20. E como se não bastasse, rompe com alguns dos padrões do gênero.

            Posso ser suspeito para falar, pois adoro faroestes, mas ‘O Diabo feito Mulher’ (Rancho Notorious, algo como Rancho Notório em português) inova na forma de contar a sua história. Pelo menos, para um bangue-bangue, pois o mesmo recurso narrativo já havia sido empregado, em Cidadão Kane, mais de uma década antes.

         Deixe-me explicar melhor, o filme, que funciona como uma balada, como aquelas que os caubóis costumam cantar em volta das fogueiras em tais tramas, conta a história de Vern Haskell (Arthur Kennedy, 1914-1990), um caubói em busca de vingança pelo assassinato de sua noiva, Betty Forbes (Gloria Henry, 1923-2021), morta durante o assalto que ocorreu no armazém do pai dela.

            Dois homens estavam envolvidos no crime, Kinch (Lloyd Gough, 1907-1984) e Whitey (John Doucette, 1921-1994), mas o primeiro mata o segundo, pois este último discordava dele por ter matado a garota. De toda forma que, quando Vern o encontra moribundo, após continuar seguindo com a busca pelos bandidos, mesmo sem contar mais com o apoio dos homens da lei e dos outros cidadãos da cidadezinha no Wyoming, que desistiram devido ao perigo, consegue arrancar de Whitey ‘Chuck-a-Luck’ (uma gíria para roleta, creio eu) como as suas últimas palavras, antes que o mesmo partisse definitivamente para o inferno.

            Assim, Vern segue com suas investigações sobre o mítico lugar, até que, inesperadamente, durante uma conversa numa barbearia, o caubói ouve de outro cliente, antes que mesmo o atacasse, a indagação de o que ele queria com Altar Crane. Um confuso Vern vence o confronto, mas não tem a menor ideia de quem é Altar Crane, até que um dos habitantes do local lhe esclarece tratar-se de Altar Keane (Marlene Dietrich,1901-1992), uma famosa cantora de saloons, com um passado cheio de histórias misteriosas que Haskell busca escutar de várias pessoas e em vários lugares, até que enfim uma pista o leva até Frenchy Fairmont (Mel Ferrer, 1917-2008), o companheiro e amante de Keane.

            O único problema é que Fairmont está preso e Vern tem de causar uma confusão num saloon, para que possa ser preso também e obter mais informações de Frenchy. Daí para frente a trama segue cheia de ação e intriga, até um desfecho que, imagino eu, não poderia ser diferente.  

 


Nota: disponível no HBO Max 


Fonte:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fritz_Lang

https://pt.wikipedia.org/wiki/Rancho_Notorious

https://pt.wikipedia.org/wiki/Arthur_Kennedy

https://en.wikipedia.org/wiki/Gloria_Henry

https://en.wikipedia.org/wiki/Lloyd_Gough

https://www.imdb.com/title/tt0045070/fullcredits?ref_=tt_cl_sm

https://www.imdb.com/title/tt0045070/fullcredits?ref_=tt_cl_sm

https://www.imdb.com/name/nm0234732/?ref_=ttfc_fc_cl_t28

https://www.imdb.com/name/nm0000017/?ref_=tt_cl_t_1

https://www.imdb.com/name/nm0002072/?ref_=tt_cl_t_3

 

 

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

ALÉM DO ARCO-ÍRIS

           Ao me preparar para escrever estas linhas, deparei-me com uma declaração de Lorna Luft, uma das filhas de Judy Garland, afirmando que sua mãe não era uma figura trágica.

            Concordo plenamente. Trágico é o que fizerem com ela, pelo menos é o que eu não pude deixar de perceber ao assistir ao filme Judy: Muito Além do Arco-Íris.

            Dirigido por Rupert Goold e estrelando Renée Zellweger como Garland, a trama mescla os momentos do início da carreira de Judy (aqui interpretada por Darci Shaw) com os acontecimentos de sua última turnê em Londres, seis meses antes de sua morte.

            É um filme denso, que mostra com total crueza e realismo os bastidores da fama, o que era ser uma jovem estrela nos anos trinta e os efeitos que isso causou a Garland.

            O tipo de abuso psicológico pelo qual ela passou ao longo de sua adolescência, para se firmar como estrela, ecoaram até o seu trágico e precoce fim, aos 47 anos, devido a uma overdose acidental.

            Toda a pressão para permanecer magra e bonita, os comprimidos que passou a tomar para tanto e para dormir, devido a ansiedade que a acometia ao tentar atender os altos padrões que os estúdios esperavam dela, transformaram-na numa adulta que se sentia patética quando não estava sob os holofotes ou sob o efeito de álcool e narcóticos.

            O pior de tudo é que ela amava e odiava os palcos, pois ao mesmo tempo que atuar e cantar eram seus maiores dons e paixões, também tornaram-se os seus maiores medos, pela simples ideia de não conseguir entregar o seu melhor, o que era “esperado” dela.

            Todas essas nuances podem ser percebidas na atuação de Zellweger, que conseguiu transmitir com perfeição a sensação de estar perdida e não saber quem era, tal qual Garland aparentava se sentir, por ter passado tanto tempo projetando a imagem que os estúdios gostariam que ela passasse.

            Não é para menos que Renée Zellweger consagrou-se como a grande vencedora do Oscar de Melhor Atriz, em 2020, por sua participação neste filme.

 


 

Fontes: 

https://en.wikipedia.org/wiki/Judy_Garland

 https://pt.wikipedia.org/wiki/Judy

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

O SEGREDO DE MARY REILLY

               Escrito por Robert Louis Stevenson (1850-1894), o ‘Médico e o Monstro’ (The Strange case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde/ O Estranho Caso do Dr. Jekyll e do Sr.Hyde, 1886) é um clássico da literatura mundial, no qual o pacato Dr. Henry Jekyll desenvolve uma fórmula que o permite despertar um lado mais sombrio de sua personalidade, transformando até mesmo sua aparência e, portanto, assumindo a alcunha do Sr. Eward Hyde.

            É uma das primeiras obras a abordar, de certa forma, o conceito de dupla personalidade, além de ter inspirado inúmeros outros personagens, como o Incrível Hulk, e trabalhos literários, como o que serviu de premissa para este filme, no caso o romance Mary Reilly, de Valerie Martin, no qual a história do pobre Dr. Jekyll é retratada através dos olhos de sua criada que dá título à obra. Pode causar certa estranheza ao leitor, mas várias obras famosas já foram recontadas em outros romances que não de seus autores originais, podendo-se citar exemplos como clássicos tais quais Orgulho e Preconceito, de Jane Austen (1775-1817), e diversos pastichos sobre casos de Sherlock Holmes, que não foram concebidos pelo seu criador Arthur Conan Doyle (1859-1930).

            Enfim, a película, dirigida por Stephen Frears, não contem uma ideia totalmente original, mas é boa devido a sua execução, principalmente pelas atuações de Julia Roberts, como Mary Reilly, e John Malkovich, exercendo aqui a dupla função de interpretar tanto Jekyll quanto Hyde. Aliás, é o triângulo amoroso formado por Mary e as duas personalidades de seu patrão que gera tensão na trama, fazendo-a funcionar.

            Por um lado, temos o gentil doutor que desperta o carinho de Mary por se preocupar com ela, inquerindo sobre as cicatrizes que a moça, literalmente, carrega de seu passado, devido a convivência com o seu pai abusivo, o Sr. Reilly (Michael Gambon e, antes que alguém se pergunte porque o ator lhe parece tão familiar, sim, trata-se do segundo intérprete do Professor Dumbledore na saga Harry Potter), algo com que ninguém pareceu se importar, fazendo com que ela se sinta tratada como um ser humano pela primeira vez e não apenas como alguém que existe apenas para servir. Por outro, temos o horrendo Sr. Hyde, capaz das maiores atrocidades, mas que ainda assim desperta a libido de Mary, seus desejos sexuais mais profundos, algo que, na época em que a trama se passa, o final do século XIX, não era normal exteriorizar, ainda mais tratando-se de uma mulher.

            Outro ponto forte da trama é a breve, porém marcante interpretação de Glenn Close como a caricata Sra. Farraday, uma cafetina a qual tanto o Doutor Jekyll quanto o Sr. Hyde recorrem a seus serviços.

            Por fim, o design de produção é muito agradável aos olhos e vai parecer bastante familiar para muitas pessoas, pois se trata do trabalho de Stuart Craig, o responsável pelo design de produção de todos os filmes da franquia Potter. Que coincidência, não?


Nota: infelizmente, não encontrei o trailer dublado ou legendado. 

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Louis_Stevenson

https://pt.wikipedia.org/wiki/Mary_Reilly

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jane_Austen

https://pt.wikipedia.org/wiki/Arthur_Conan_Doyle

https://www.imdb.com/title/tt0117002/fullcredits/?ref_=tt_cl_sm

https://www.imdb.com/name/nm0186023/?ref_=ttfc_fc_cr12

 

 

 

ENTREVISTA COM LUCIANO CARRIERI

  Luciano Carrierri  é um advogado e pai de família que nas horas vagas gosta de desbravar o mundo dos jogos de tabuleiro. Hoje conversarei ...