Como todo filme de Baz Luhrmann, diretor de
películas como 'Moulin Rouge' e 'O Grande Gatsby', 'Elvis' é um filme glamoroso,
cheio de cor, brilho, vida e até mesmo um certo grau de megalomania, mas de
certa forma funciona.
O
roteiro não é lá essas coisas, apressando e compactando muitos dos momentos
marcantes da trajetória do Rei do Rock. O que salva mesmo o filme, além de um
bom enredo (a vida de Elvis Presley), são as atuações de Austin Butler, como o
personagem título, e de Tom Hanks como o seu empresário, o “Coronel” Tom
Parker. Aliás, é muito difícil que Hanks entregue uma performance ruim, o que
de fato não acontece aqui. Sua caracterização e maquiagem estão impecáveis, só
é um tanto estranha a escolha de narrar a história de Elvis através dos olhos,
ou melhor, perspectiva, do dito “Coronel”.
Quanto
a Butler, admito ter torcido o nariz quando soube de sua escalação para o papel
principal, mas ele me surpreendeu, superando todas as minhas expectativas.
Junto da caracterização, o ator entrega uma performance realista, roubando a
cena em vários momentos, apesar das já apontadas limitações do roteiro.
Por
fim, é digna de nota a atuação de Olivia DeJonge que, mesmo com o seu pouco
tempo de tela, consegue comover com sua atuação e fazer parecer que o
relacionamento entre o Elvis e a Priscilla da tela grande era mesmo real.
Robbie Coltrane (1950-2022) foi um grande ator britânico, conhecido por uma variedade de papeis, mas para muitos, inclusive para mim, será sempre lembrado como o bondoso meio-gigante Rúbeo Hagrid, Guardião das Chaves de Hogwarts e seu professor de Trato de Criaturas Mágicas. Ontem, desde a triste notícia de sua partida, tenho pensado na melhor forma de homenageá-lo. Não consegui pensar em nada melhor que a cena final de Harry Potter e a Pedra Filosofal. Então, magos e bruxas de todo o mundo ergam as suas varinhas e gritem 'Lumos' a plenos pulmões para que aonde Robbie estiver, nossa luz consiga alcançá-lo!
* em memória da minha querida avó paterna Neise (28 de Agosto de 1943 - 13 de Outubro de 2021), que sempre acreditou em mim e me estimulou a perseguir os meus sonhos. Obrigado, vó. De onde a Sra. estiver, fique com o meu carinho.
Falar do filme Casa dos Espíritos (1993) é
também falar de Isabel Allende, autora do romance que inspirou a trama, assim
como de sua terra Natal, o Chile.
Nascida
em 1942, Allende cresceu em meio a um período de transição sociopolítica da
sociedade chilena, notavelmente patriarcal à época. Até mesmo pode vivenciar os
bastidores do golpe militar, de 1973, que instalou a ditadura do general
Pinochet (1915-2006), já que era prima, por parte de pai, do presidente do país
andino à altura do golpe, Salvador Allende (1908-1973).
Com
essas informações em mente, fica mais fácil compreender o enredo do filme que
trata da saga da família Trueba ao longo de várias décadas, culminando no
fatídico golpe de 1973 e suas consequências para tal clã.
Tudo
começa com Blanca (Winona Ryder) retornando a Três Marias, fazenda de seu pai,
Esteban Trueba (Jeremy Irons), junto do mesmo e da pequena Alba (Sasha Hanau),
sua filha.
Lá, Blanca começa a ler
os diários de sua mãe, Clara (Meryl Streep) e começa a ter um melhor
entendimento da dinâmica de sua família. Ela descobre que, Clara, ainda
criança, dava sinais de possuir fortes poderes espirituais, chegando a
aconselhar várias pessoas com os seus pressentimentos.
Tudo muda, porém,
quando ela prevê a morte acidental de alguém de sua família e tal vítima acaba
sendo a sua irmã mais velha Rosa (Teri Polo), até então noiva de Estaban, que
acaba ingerindo uma dose fatal de veneno no lugar do pai, Severo del Valle (Armin
Mueller-Stahl), que havia começado a se envolver com a política local e feito
alguns inimigos.
Assim, sentindo-se
culpada, Clara não diz uma palavra por anos, até que Esteban retorna a sua vida
e acaba se casando com a irmã mais nova de sua finada noiva, levando-a para morar
em Três Marias com ele e sua irmã Ferula (Glenn Close).
Os problemas começam a
surgir daí. Esteban ressente-se da interferência da irmã em sua vida marital,
sem nem ao menos imaginar que foi a própria Clara, num gesto de puro altruísmo,
que convidou a cunhada para viver com eles, pois aos seus olhos ela tornara-se
também sua irmã, ainda que pelo casamento.
Só que Esteban não
consegue entender isso e muitas outras coisas, como a passagem do tempo e
quebra de paradigmas do mundo conservador e patriarcal em que foi criado e
insiste em levar adiante, de certa forma, através de sua filha Blanca.
É um belo filme, com
muitos outros acontecimentos desenrolando-se a partir daí. A única crítica que
posso fazer, se é que posso me atrever a tanto, é que a película, dirigida Bille
August, não seria feita, na atualidade, com elenco que possui, apesar de contar
com medalhões como Meryl Streep, Jeromy Irons, Winona Ryder e um Antônio
Banderas em início de carreira, devido à falta de diversidade e representação
étnica do povo latino.
Eu assisti este filme por acaso. Na verdade, só
o fiz porque minha avó materna estava aqui em casa e queria ver algo leve e
divertido, ‘sem maldades’, como diz ela. Então, escolhi o filme ‘A Nova Cinderela:
se o sapato encaixar...’, de 2016.
De
cara, lembrei do filme ‘A Nova Cinderela’, de 2004, estrelado por Hilary Duff e
Chad Michael Murray e imaginei se ambos estavam relacionados. Pesquisei e
descobri que sim, ‘... se o sapato
encaixar...’ é o quarto filme da franquia, o que é surpreendente por si só, já
que a premissa dos dois filmes é basicamente uma mesma versão contemporânea do
conto de fadas infantil: uma bela garota, maltratada por uma madrasta e duas
meias-irmãs malvadas, apaixona-se por um ‘príncipe encantado’, que no caso do
filme de 2016, é um astro do rock. Bastante original, huh?
Bem
a trama toda é um tanto implausível: essa família descompensada vai passar as
férias num resort, no qual haverá um concurso para escolher uma Cinderela que
estrelará uma peça ao lado do jovem popstar Reed, interpretado por Thomas Law.
Obviamente,
o trio formado pela madrasta Divine (Jennifer Tilly), uma perua arrogante, e as
suas duas filhas destrambelhadas Olympia (Jazzara Jaslyn) e Athena (Amy Louise Wilson)
se acha a última bolacha do pacote, numa atuação caricata para lá de forçada.
O
que salva esse filme, para lá de mediano, é atuação de sua protagonista,
bastante profunda e apaixonante, fazendo o melhor que pode com um roteiro que
não é lá essas coisas, afinal foi reciclado umas quatro vezes, contando os
filmes anteriores.
Fato que me
surpreendeu, pois não achei que encontraria uma intérprete tão boa no papel de
Tessa, a Cinderela dessa versão. Aliás, achei-a bastante familiar... e realmente
era, já que se tratava de Sofia Carson, a estrela do filme Continência ao Amor
(2022) da Netflix, sobre o qual já escrevi aqui no The End.
Aconselho que fiquem de
olho na Srta. Carson, pois pelo visto a mesma vai longe!
Não se deixem enganar, este é um filme sobre
ganância, cobiça e paranoia. E não há nada de errado com isso. A trama funciona
e os seus personagens são muito bem construídos, principalmente Fred C. Dobbs, magistralmente
interpretado por Humphrey Bogart (1899–1957).
A
película ‘O Tesouro de Sierra Madre’ (1948), baseada no romance de mesmo nome
de B. Traven (1882-1969), roteirizada e dirigida por John Houston (1906–1987), começa
justamente com Dobbs vagando, sem rumo, pelas ruas de Tampico, uma cidadezinha
no México, no ano de 1925.
Lá ele aborda
compatriotas americanos por dinheiro para uma refeição, ou melhor, pede ao
mesmo sujeito várias vezes um trocado, até que o mesmo acaba perdendo a
paciência e mandando ele tomar prumo e arrumar um emprego.
Em
meio a esses acontecimentos, Dobbs conhece, em uma praça, um outro americano
chamado Curtin (Tim Holt, 1919–1973) com quem logo trava amizade, de que forma
que, juntos, aceitam o emprego que lhes é oferecido por Pat McCormick (Barton
MacLane, 1902–1969).
A
dupla trabalha duramente, por semanas, para McCormick, no que parece ser um
poço de petróleo e, ao voltarem a Tampico, Pat lhes dá uns trocados para irem
até um bar, enquanto ele recebe o dinheiro para pagar os funcionários.
Após
algumas doses, Dobbs e Curtin percebem que foram enganados. Assim, com o
restante do dinheiro que lhes foi dado por McCormick, conseguem se ajeitar num
albergue no qual acabam conhecendo o velho minerador Howard (Walter Huston, 1883–1950,
e pai do diretor John Houston) que semeia na mente da dupla a ideia de garimpar
ouro, um sonho aparentemente impossível devido à falta de grana dos três.
Mas
a situação aparentemente se resolve quando Dobbs e Curtin reencontram, por
acaso, Pat e acertam as contas com ele, dando-lhe uma merecida sova e pegando o
pagamento, pelo trabalho, que lhes era seu por direito.
Ainda
assim, falta uma parte dos fundos para custear a expedição de garimpo que,
incrivelmente, é resolvida pela sorte de Dobbs, que ganha duzentos pesos devido
a um bilhete de loteria que comprou de um garoto mais cedo, no início do filme.
Com
tudo pronto, o trio parte em sua expedição para encontrar ouro e, de fato, o
encontra, mas é aí que os problemas realmente começam, já que um deles se vê
vítima da febre do ouro enquanto outros acontecimentos movem a trama até o seusurpreendente
final.
Nota: novamente, me perdoem. Não consegui achar o trailer dublado, mas sempre há opção de ativar as legendas na configuração do vídeo do YouTube.
Premonição (Final Destination, 2000) é um filme
cuja premissa é interessante, mas falha tenebrosamente em entregar o que
promete: um suspense instigante.
Dirigida
por James Wong (aquele mesmo que dirigiu alguns episódios de Arquivo X e a horrenda
adaptação de Dragon Ball para o cinema), a trama gira em torno de um grupo de
alunos do ensino médio que está prestes a viajar em uma excursão para Paris,
mas quando abordo da aeronave, um deles, Alex Browning (Devon Sawa), tem uma
premonição de que o avião irá explodir (lembrem que o filme foi lançado antes
de 11 de Setembro de 2001, senão não haveria a menor chance de uma película
dessas chegar as telas naquela época), então ele e mais alguns colegas e uma
professora são expulsos do avião, que de fato explode, para o espanto geral.
A
partir daí começa um jogo de gato e rato para evitar que os sobreviventes
morram, por aparentemente estarem em dívida com a morte. A única chance deles
são as premonições de Alex, que não são levadas muito a sério no começo, a não
ser por Clear Rivers (Ali Larter), que, de alguma maneira, tem uma conexão
empática com Alex.
O
maior problema é que os personagens são rasos e bidimensionais: o valentão e
sua namorada loira, o idiota atrapalhado que é amigo de todos... mas eles não
parecem reais, são apresentados apressadamente e sem muito contexto a não ser o
fato de que estudaram juntos. Além de que o só Alex ter as tais premonições torna
tudo um tanto quanto forçado, deixando-o mais com cara de maluco do que tudo,
ainda mais quando ele descobre o suposto padrão das mortes que movimenta a
trama.
Nota: não consegui achar o trailer dublado, então favor ativar as legendas do vídeo em suas configurações.
Levada da Breca (Bringing Up Baby, algo como
‘Criando o Bebê’, em português) é uma comédia de erros. O filme, de 1938, com o
perdão do trocadilho, não teria como dar errado com um elenco encabeçado por Cary
Grant (1904-1986), na pele do pacato paleontólogo David Huxley, e Katherine
Hepburn (1907-2003) como atrapalhada herdeira Susan Vance.
O
timing cômico entre a dupla beira a perfeição e a trama, dirigida por Howard
Hawks (1896-1977) funciona de maneira orgânica, ainda que um tanto aloprada.
Quando
filme começa, somos apresentados a David que, após quase quatro anos de árduo
trabalho, está prestes a montar o esqueleto completo de um brontossauro. Com
ajuda de sua assistente e noiva Alice Swallow (Virginia Walker, 1908-1946) tudo
corre às mil maravilhas, mas existem dois poréns: ainda falta um osso para
completar o trabalho e o mesmo chegara mais tarde, pelo correio e, mais
importante, David deve, através de uma partida de golfe convencer o advogado Alexander
Peabody (George Irving, 1874-1961) a fazer com que sua cliente, a Sra. Carlton
Random (May Robson, 1858-1942), doe um milhão de dólares para o museu.
Durante
a partida, devido uma troca de bolas de golfe por engano, por força do
destino ou azar, David conhece Susan que de tão maluquinha, confunde até mesmo
o carro do cientista com o seu, causando um desastroso resultado.
Se
a tentativa de abordar o Sr. Peabody, durante a partida de golfe, não deu
certo, ele ainda tem a oportunidade de fazê-lo naquela noite, num evento de
gala do qual participará. Mas, outro revés lhe espera lá: a presença de Susan
que, de alguma maneira, consegue, não só trocar a sua bolsa com a da esposa do
advogado, mas também rasgar não só a roupa de David como o seu próprio vestido,
apesar do cientista ter contribuído um pouco nessa última parte...
Como
se tudo isso não fosse o bastante, no dia seguinte, naquele que seria o das
núpcias do paleontólogo com Alice, Susan recorre a David por causa de um
pequeno favor: que ele a ajude a tomar conta de Baby, uma onça (apesar de no
filme o bichano ser referido como um leopardo) que o seu irmão Mark enviou lhe
enviou do Brasil.
A
partir daí as confusões e enganos amontoam-se num crescente estupendo,
culminando em incontáveis risadas.
Para
finalizar, é digna de nota a atuação de Hepburn, em que certo momento do filme,
deixa de lado o seu papel de herdeira atrapalhada para impersonar uma femme
fatale, no melhor estilo gangster, mostrando o quão versátil e talentosa a
atriz era.
Nota 1: não consegui achar a versão dublada ou legendada do trailer, mas basta ativar as legendas na configuração de vídeo no Youtube.
Nota 2: caso apareça alguma propaganda política antes do vídeo começar, saiba que não fui eu que a pus lá e não apoio a candidatura de nenhum candidato no The End, além do mais fiz o upload do vídeo do canal Rotten Tomatoes Classic Trailers.