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terça-feira, 14 de março de 2023

FAÇA A SUA HISTÓRIA -O MITO E O CLICHÊ- O CASO DO SUPERMAN

        Ei, gente! Esse é o segundo artigo da série 'Faça a sua História'! Espero que gostem!

FAÇA  A SUA HISTÓRIA

-O MITO E O CLICHÊ-

O CASO DO SUPERMAN

         

Existe uma linha tênue entre o mito e o clichê. Enquanto o primeiro é uma história, ou melhor, um mote que já se tornou clássico e, por conta disso, é por todos lembrado, o segundo nada mais é que um mito diversas vezes repetido, a ponto de ter se desgastado.

Pegue-se o Superman por exemplo. O personagem é muito rico e carrega, em sua essência, ambos conceitos. A sua origem, como o último filho do planeta Kripton pode até parecer original, mas não é. Trata-se de uma releitura de uma história bíblica. Não acredita? Moisés, o libertador das tribos de Israel do Egito, foi abandonado, ainda bebê, por sua mãe, num cesto em um rio, tendo sido posteriormente encontrado pela filha do faraó. Familiar? Substitua um cesto por uma nave espacial, o rio pelo universo, e têm-se a origem do Superman.


Mas isso não a torna menos válida. As circunstâncias se assemelham, mas também muito diferem. A construção de um personagem, de uma história como um todo, nada mais é que uma colcha de retalhos. Ainda no caso do Super, pode-se identificar mais um aspecto de cunho religioso: os poderes do kriptoniano advém do Sol, assim como os do deus Apolo da mitologia grega. Novamente, percebe-se uma roupagem semelhante, mas os conceitos divergem drasticamente a partir do ponto em que se dá uma explicação científica para os poderes do Homem do Amanhã: suas células kriptonianas funcionam como uma bateria solar, que absorvem a radiação de nosso astro amarelo concedendo incríveis habilidades ao Sr. Kent, que de outra forma não as teria, pois o sol de seu planeta natal era vermelho.

Por falar em Clark Kent, outra vez depara-se com um conceito reaproveitado: a da persona pública atrapalhada e introvertida, em contraste com a sua audaciosa identidade heroica. Pouco menos de duas décadas antes, em 1919 (o lançamento do Superman foi em 1938), o personagem Zorro já exibia tal dualidade entre a sua versão encapuzada e sua pacata identidade civil como Don Diego de la Veja. Antes dele, o Pimpinela Escarlate, personagem criado pela Baronesa Orczy, já possuía a mesma característica, assim como incontáveis outros heróis.

Isso os torna menos interessantes ou originais? Obviamente que não. Como um último exemplo, pegue-se Lois Lane, o par romântico do Superman. Ela é o clichê de todo interesse amoroso da época e de muito antes disso: a donzela em perigo. Mas o seu papel nas histórias não se limita a isso: também possuía uma profissão: a de repórter, diferenciando-as das socialites que povoavam a época. Era o seu trabalho que a punha em perigo. Essa quebra de paradigma foi importante para que personagens protagonistas femininas surgissem, como a Mulher-Maravilha, em 1941.

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Um comentário:

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