Ei, gente! Esse é o segundo artigo da série 'Faça a sua História'! Espero que gostem!
FAÇA A
SUA HISTÓRIA
-O
MITO E O CLICHÊ-
O CASO
DO SUPERMAN
Existe
uma linha tênue entre o mito e o clichê. Enquanto o primeiro é uma história, ou
melhor, um mote que já se tornou clássico e, por conta disso, é por todos
lembrado, o segundo nada mais é que um mito diversas vezes repetido, a ponto de
ter se desgastado.
Pegue-se
o Superman por exemplo. O personagem é muito rico e carrega, em sua essência,
ambos conceitos. A sua origem, como o último filho do planeta Kripton pode até
parecer original, mas não é. Trata-se de uma releitura de uma história bíblica.
Não acredita? Moisés, o libertador das tribos de Israel do Egito, foi
abandonado, ainda bebê, por sua mãe, num cesto em um rio, tendo sido
posteriormente encontrado pela filha do faraó. Familiar? Substitua um cesto por
uma nave espacial, o rio pelo universo, e têm-se a origem do Superman.
Mas
isso não a torna menos válida. As circunstâncias se assemelham, mas também
muito diferem. A construção de um personagem, de uma história como um todo,
nada mais é que uma colcha de retalhos. Ainda no caso do Super, pode-se
identificar mais um aspecto de cunho religioso: os poderes do kriptoniano advém
do Sol, assim como os do deus Apolo da mitologia grega. Novamente, percebe-se
uma roupagem semelhante, mas os conceitos divergem drasticamente a partir do
ponto em que se dá uma explicação científica para os poderes do Homem do
Amanhã: suas células kriptonianas funcionam como uma bateria solar, que
absorvem a radiação de nosso astro amarelo concedendo incríveis habilidades ao
Sr. Kent, que de outra forma não as teria, pois o sol de seu planeta natal era
vermelho.
Por
falar em Clark Kent, outra vez depara-se com um conceito reaproveitado: a da
persona pública atrapalhada e introvertida, em contraste com a sua audaciosa
identidade heroica. Pouco menos de duas décadas antes, em 1919 (o lançamento do
Superman foi em 1938), o personagem Zorro já exibia tal dualidade entre a sua versão
encapuzada e sua pacata identidade civil como Don Diego de la Veja. Antes dele,
o Pimpinela Escarlate, personagem criado pela Baronesa Orczy, já possuía a
mesma característica, assim como incontáveis outros heróis.
Isso
os torna menos interessantes ou originais? Obviamente que não. Como um último
exemplo, pegue-se Lois Lane, o par romântico do Superman. Ela é o clichê de
todo interesse amoroso da época e de muito antes disso: a donzela em perigo.
Mas o seu papel nas histórias não se limita a isso: também possuía uma
profissão: a de repórter, diferenciando-as das socialites que povoavam a época.
Era o seu trabalho que a punha em perigo. Essa quebra de paradigma foi
importante para que personagens protagonistas femininas surgissem, como a
Mulher-Maravilha, em 1941.
Aproveite e leia também os demais artigos da série:
FAÇA A SUA HISTÓRIA – O CASO SEINFELD
FAÇA A SUA HISTÓRIA – A ORDEM DAS PALAVRAS
Muito bom! Interessante
ResponderExcluir