Para início de conversa, apesar de abordar um
personagem da Marvel, ainda que pouco conhecido, ‘Lobisomem na Noite’ (Werewolf
by Night, 2022) não é propriamente um filme, mas um especial de Halloween de
quase uma hora de duração. Seria como um episódio, um pouco mais longo, de uma
série de televisão.
A
premissa é interessante: um grupo de caçadores de monstros reúne-se para decidir,
através de uma caçada, quem será o herdeiro de Ulysses Bloodstone, até então o
maior dos caçadores, mas que infelizmente faleceu. O problema jaz na execução
do especial dirigido por Michael Giacchino, com base num roteiro de Heather
Quinn e Peter Cameron.
A estética do especial, rodado em
preto e branco, é interessante, uma bela homenagem aos filmes de monstros da
Universal. No entanto, a fotografia, os cenários, os figurinos, a maquiagem e
os efeitos especiais não dão conta de salvar uma trama apressada, que peca ao
introduzir os seus personagens principais: Jack Russell (Gael García Bernal) e
Elsa Bloodstone (Laura Donnelly), essa última filha e herdeira natural de
Ulysses, mas que há muito abandonou o seu legado familiar.
Talvez,
por eu ter lido os quadrinhos do Lobisomem da Marvel, o meu olhar seja um tanto
quanto enviesado, pois já sabia quem era o lobisomem de cara, como também que
não se tratava do monstro a ser caçado, um outro personagem pouco conhecido da
Marvel, bastante semelhante ao Monstro do Pântano da DC, tanto que ambos
personagens debutaram no mesmo ano (1971), com a exceção de que o Homem-Coisa
surgiu poucos meses antes.
Enfim,
vale como uma introdução do personagem Lobisomem ao Universo Cinematográfico
Marvel e possui uma estética agradável, cuja cena final é uma brilhante
referência ao final do filme ‘O Mágico de Oz’ (Wizard of Oz, 1939).
O que torna um filme interessante, atraente ao
seu espectador? Talvez a premissa seja o fator mais importante. Então, quando
eu me deparei com a ideia de uma fuga de prisioneiros de guerra por meio de uma
partida de futebol, fui fisgado rapidamente. Ainda mais com dois dos nomes
elenco Sylvester Stallone e Pelé, uma dupla um tanto quanto inusitada, ao meu
ver. É isso mesmo, o tricampeão mundial brasileiro de futebol, por muitos
considerado o ‘Rei’ de tal esporte, atua nessa película, num papel secundário,
com algumas poucas falas.
E
outra surpresa esperava-me nos créditos de abertura: a direção do longa, de
1981, coube ao lendário John Huston (1906-1987), um dos maiores cineastas de
sua geração, com base num roteiro de Yabo Yablonsky e Evan Jones, que fizeram
uma adaptação anglo-americana do filme, de 1961, Dois Tempos no Inferno (Two
Half Times in Hell), numa tradução livre, que por sua vez utilizou como fonte
um jogo real, ocorrido em 1942, conhecido como a Partida Mortal, entre
prisioneiros ucranianos soviéticos, forçados a trabalhar em fábricas do Reich
em Kiev, contra os seus captores nazistas.
Mas
a trama do longa de Huston é um tanto quanto diferente. Num campo de
prisioneiros da 2ª Guerra, em algum lugar da França, então ocupada pelos
nazistas, o seu comandante, o Major Karl Von Steiner (Max von Sydow, 1929-2020)
convence o Capitão John Colby (Michael Caine), um soldado que na sua vida civil
era um jogador profissional de futebol, a participar do que a princípio era um
amistoso entre um time formado pelos prisioneiros do campo e outro por seus
carcereiros.
No
entanto, o jogo ganha maiores proporções quando os superiores do Major Von
Steiner decidem utilizar a partida como forma de propaganda nazista,
transferindo a mesma para um estádio em Paris, ao mesmo tempo em que os
prisioneiros tramam um plano para escapar durante a ida ao estádio.
Fuga
para Vitória (Escape to Victory) é um filme empolgante, com as boas atuações de
Caine como Colby e Stallone como o astuto e sarcástico Hatch, goleiro do time
dos prisioneiros. Vale notar que, apesar da participação de Pelé ser de
coadjuvante, ele realizou a coreografia de todos os lances da partida de
futebol, realmente um show à parte, já que muitos outros jogadores
profissionais atuaram no longa, como Bobby Moore (1941-1993), campeão mundial
pela seleção inglesa, na Copa de 1966, e Osvaldo Ardiles, também campeão
mundial, mas pela seleção argentina na Copa de 1978.
E
o final não poderia ser mais belo e impactante.
Curiosidade:
QuandoChaves estreou,
em 24 Agosto de 1984, como um quadro da TV Powww!, as gravações do humorístico,
criado e estrelado por Chespirito (Roberto Gómez Bolaños, 1929-2014) já haviam
terminado há alguns anos, mesmo que seriado o tivesse permanecido vivo sob a
forma de esquetes dentro do programa Chespirito. Apesar disso, o programa
humorístico fez um imenso sucesso em terras tupiniquins, em grande parte por
conta da incrível dublagem, que soube com maestria adaptar as piadas e
trocadilhos presentes nos diálogos. Por conta disso, em dado episódio,
propriamente intitulado “Vamos ao Cinema?”, Chaves
reclama que “era melhor ter ido ver o filme do Pelé”, só que no original a
referência é ao filme El Chanfle, de 1979, escrito e protagonizado por
Chespirito, cuja temática é justamente o futebol. Então, qual seria o tal filme
do Pelé que o Chaves tanto menciona no capítulo? Muito provavelmente, trata-se
do filme Fuga a Vitória, acima resenhado, devido à proximidade de seu
lançamento, em 1981, e a estreia do programa humorístico Chaves no Brasil, em
1984.
Moonrise Kingdom (2012, algo como Reino do
Nascer da Lua, numa tradução literal para o português) é um filme idílico por
natureza, como não poderia deixar de ser, tendo sido dirigido por Wes Anderson.
O
próprio cenário em que a trama se passa, duas ilhas afastadas de tudo, com
muito verde e pequenas comunidades em cada uma, assim como a época, o não tão
distante ano de 1965, confirmam essa impressão.
É
como se tudo não passasse de um sonho ou uma fábula, de tão excêntricos que são
os personagens, características dos filmes comandados por tal diretor. Ao mesmo
tempo que as crianças se comportam como crianças, também agem de maneira mais
articulada que suas contrapartes adultas, que parecem perdidas em seus próprios
delírios, extravagâncias e excentricidades.
Não
há nada de errado com isso, até mesmo acrescenta um sabor especial a premissa,
que é até bastante simples: tudo começa com a fuga de um escoteiro de doze
anos, chamado Sam Shakusky (Jared Gilman) de seu acampamento, aparentemente sem
nenhuma razão.
Descoberto
o sumiço, o atrapalhado chefe dos escoteiros, Randy Ward (Edward Norton), põe
os demais garotos em alerta e os manda procurar o membro perdido de sua tropa,
além de alertar o capitão Sharp (Bruce Willis), o policial no comando da força
policial de uma das ilhas nas quais se passam a história.
Logo,
também é descoberto o desaparecimento de outra criança de doze anos, chamada
Suzy Bishop (Kara Hayward), o que está longe de ser uma coincidência. Na
verdade, a fuga foi planejada pelo casal de namorados Sam e Suzy, cada um tendo
as suas razões, que são melhores explicadas ao longo do filme.
Se
ainda não foi possível convencer algum leitor de que esse longa metragem é
especial, o seu elenco ainda conta com Bill Murray e Frances McDormand, como
Walter e Laura Bishop, respectivamente.
Hollyblood (Netflix, 2022) é um filme complexo
e isso não é necessariamente uma coisa boa, pois tenta ser, ao mesmo tempo, uma
comédia romântica e um filme de terror, falhando em ambos os casos.
Dirigida
por Jesús Font, a trama começa com flashback de um trio de garotos fazendo
bullying com Crespinho (Piero Mendez), que acidentalmente morre afogado numa
piscina. O trio, então, é atacado por uma criatura misteriosa que, aparentemente,
é um vampiro.
A criatura, sem a menor
dó ou piedade, mata os garotos, mas por alguma razão, resolve reviver
Crespinho, que se torna um vampiro também.
Agora, no presente,
somos apresentados a Javi (Óscar Casas), o garoto novo na escola que está
apaixonado por Sara (Isa Montalbán), uma moça com um curioso interesse pelo
sobrenatural, principalmente, por vampiros, situação que será melhor explicada
e desenvolvida mais adiante no filme, dando profundidade a única personagem com
quem a audiência consegue se conectar, mesmo que, no fim, seja com base num
clichê.
Voltando a Javi, o
garoto resolve tirar vantagem do interesse de Sara por vampiros e se passar por
um, de modo a impressioná-la e ganhar o seu coração. Afinal, o que poderia dar
errado? Tirando o fato do garoto ter se passado por uma garota antes, numa sala
de bate-papo, para conhecer melhor a amada e ter um maior conhecimento dos
interesses dela...
Bom, para quem não
sabe, isso se chama “catfishing” e é crime de falsidade ideológica, o que
destrói por completo qualquer noção de romance, por mais inofensivas que as
intenções de Javi fossem...
Para completar,
Crespinho reaparece e desmascara Javi e é aí que a coisa começa realmente
desandar, pois o enredo se transforma numa trama de caça-vampiros com uma
solução Deus Ex- Machina para lá de forçada. No entanto, devo admitir que a
pessoa por trás da transformação de Crespinho e vilã de toda trama, quando
revelada, surpreendeu-me um pouco...
Há algo de especial nos filmes época, ainda
mais os que são inspirados em histórias reais, como é o caso de “As Estrelas
Brilham na Cidade” (The Chaperone, 2018, algo como ‘A Acompanhante’, numa
tradução literal).
A
trama, dirigida por Michael Engler, com roteiro de Julian Fellowes, baseado no livro
de Laura Moriarty, gira em torno de Norma Carlisle (Elizabeth McGovern), a tal
acompanhante do título original.
Tudo
começa, em 1922, numa apresentação de dança na casa da família Brooks, na qual
Louise (Haley Lu Richardson) é a atração principal, enquanto sua mãe, Myra (Victoria
Hill), toca piano.
Norma é uma das
espectadoras, junto de seu maridoHoward (Tyler Weaks). Ela fica encantada com o
talento de Louise Brooks (que realmente é uma figura histórica, uma atriz de
certo renome no final dos anos 20 e durante a década de 30) e fica ainda mais
interessada ao ouvir a mãe da garota mencionar que precisa de uma acompanhante
para a sua filha durante uma temporada em Nova York, enquanto Louise participa
de um curso de dança, pois, na época, não era de bom tom que moças de família
andassem desacompanhadas.
De pronto, Norma se
oferece, sob o olhar surpreso de seu marido. Logo, percebemos que algo não vai
bem no casamento deles (e ao longo do filme descobrimos o porquê). No entanto,
Howard não se opõe, de modo que Norma e Louise partem para Nova York.
Lá, descobrimos mais
sobre o passado de Norma, o fato que ela é uma órfã, deixada num lar para
mulheres desemparadas, local que acolhia crianças geradas fora do casamento e
as encaminhava, via trem, para as suas novas famílias adotivas, situação muito
comum no final do século XIX e início do XX. E é essa a sua grande motivação
para ir a Nova York: descobrir a verdade por trás de seu passado.
Assim, as histórias de
Norma e Louise se entrelaçam, pois enquanto a primeira busca por suas origens,
também acaba por assumir o papel de mentora de Louise, uma garota extremamente
talentosa, porém perdida, devido a uma profunda chaga de seu passado.
É uma história
comovente, que trata de assuntos importantes, como o papel das mulheres na
sociedade que, na época, haviam acabado de conseguir o seu direito ao voto, mas
ainda se viam presas a coisas como espartilhos, além de questões como a
segregação racial e a lei seca.
Em suma, é um filme
interessante e de conteúdo relevante.
Este filme foi uma grande surpresapara mim e por uma única
razão: apresentou-me a Groucho Marx (1980-1977), um dos maiores comediantes do
seu tempo, dono de um humor sarcástico e non-sense, diferente de tudo que já se
tinha visto na tela grande.
Dirigido
por Sam Wood (1883-1949), Uma Noite na Ópera (A Night at the Opera, 1935) é um
filme cuja trama gira em torno de Otis B. Driftwood (Groucho Marx), o
administrador dos bens da Sra. Claypool (Margaret Dumont,1882-1965), uma viúva
rica com quemDriftwood
pretende se casar.
Mas
esse não é o único plano do administrador. Otis também convence a madamea investir, na
Companhia de Ópera de Nova York, comandada por Herman Gottlieb (Siegfried
Rumann, 1884-1967), a “bagatela” de 200 mil dólares, de modo a custear o
salário de 1000 dólares por noite do tenor Rodolfo Lassparri (Walter Woolf King,
1899-1984), em mais uma de suas tramoias para “ganhar um por fora” da fortuna
que administra.
No
entanto, Lassparri não passa de um canalha, que maltrata o seu camareiro Tomasso
(Harpo Marx, 1888-1964, um dos atores irmãos de Groucho) e faz incômodos
avanços em Rosa Castaldi (Kitty Carlisle,1910-2007), sua co-estrela, moça que
está perdidamente apaixonada por Ricardo Baroni (Allan Jones,1907-1992), um
outro tenor, ainda em busca da fama, mas que corresponde aos sentimentos de
Rosa.
Nos
bastidores do teatro, no qual acontece a última apresentação daquela temporada
na Itália, Baroni concorda, ao reencontrar o seu melhor amigo, Fiorello (Chico
Marx, 1887-1961, outro irmão de Groucho e também ator), em fazê-lo o seu
empresário, já que só havia conseguido um papel menor na turnê.
Driftwood,
que propositalmente chegara atrasado ao teatro, de maneira a perder a
apresentação da ópera, inadvertidamente, assina um contrato com Fiorello, pois
ele afirma representar o maior tenor de todos os tempos, que Otis pensa se
tratar de Lasspari.
A
partir daí a comédia corre solta, começando pela viagem transatlântica, a bordo
de um luxuoso navio, até Nova York, na qual Dirftwood é regalado a uma pequena
cabine, com o seu grande malão, de onde saem três clandestinos: Baroni,
Fiorello e Tomasso.
Numa sequência para lá
de engraçada, com um diálogo extremamente sagaz e divertido, a cabine se vê
abarrotada de gente, sem saber muito bem o que faz ali, no meio daquela
confusão toda, em um espaço tão pequeno, numa das melhores cenas de todo o
filme.
Como
se não bastasse, o clímax do mesmo, que se dá em uma apresentação de ópera, é
magnífico, com diversas gags inseridas de modo natural, fazendo com que o humor
seja orgânico e não forçado como em muitas das comédias atuais. Vale muito
apena assistir.
Nota: infelizmente não achei um trailer dublado ou legendado.
Este é um filme sobre poesia e jornadas, por
isso não é de se admirar que tome certas liberdades criativas e comece sua
trama justamente em um campo de batalha da Primeira Guerra Mundial.
O
cenário é Somme, na França do ano de 1916, em uma das muitas trincheiras do
local. Nela está John Ronald Reuel Tolkien (Nicholas Hoult), que acaba de
receber uma carta da mãe de um de seus amigos do Tea Club Barrowian Society
(Clube do Chá da Sociedade Barroviana),Geoffrey Bache Smith (Anthony Boyle), que pede
notícias do filho, do qual não sabe nada há algum tempo.
Isso
leva Tolkien, mesmo muito gripado, a partir para a frente de batalha, apesar
dos protestos de seu ordenança Sam Hodges (Craig Roberts), que o segue mesmo assim,
cujo nome parece uma clara referência ao hobbit Sam, do Senhor dos Anéis, que
segue leal ao seu amigo Frodo até o fim.
Daí
a trama retrocede no tempo, para quando um jovem Tolkien e seu irmão Hilary, já
na Inglaterra, após a morte precoce de seu pai na África do Sul, recebem a
notícia de sua mãe, Mabel Tolkien (Laura Donnelly), que vão novamente se mudar,
devido a sua parca condição financeira, com a ajuda do Padre Francis Xavier
Morgan (Colm Meaney), guardião de ambos os irmãos.
Infelizmente,
pouco após a mudança, Mabel também vem a falecer, fazendo com que o Padre
Francis realoque os meninos Tolkien na casa da Sra. Faulkner (Pam Ferris), cuja
tutelada é nada menos que Edith Bratt (Lily Collins), o grande amor de Tolkien
e sua futura esposa.
Na
nova escola, o jovem Tolkien demora um pouco a se adaptar, mas logo encontra
companheirismo e camaradagem junto a Robert Gilson (Patrick Gibson), que
inicialmente nutre uma certa rivalidade contra o novato, apesar dele se provar
à altura e honrado acima de tudo, Christopher Wiseman (Tom Glynn-Carney) e o já
mencionado Geoffrey Bache Smith e, assim, juntos o quarteto forma o Clube do
Chá da Sociedade Barroviana e uma amizade para vida toda, independente de
quanto isso durar, devido ao início da Primeira Guerra.
O
filme também trata da paixão de Tolkien por línguas, o que vem a ser a base de
toda sua obra e como os acontecimentos de sua vida vieram a moldá-la.
No
geral, é um bom filme e bastante comovente, mas diverge da realidade em alguns
pontos, pois Tolkien e Edith já estavam noivos em 1913, antes da Grande Guerra
começar e não declararam o seu amor um pelo outro quando o primeiro estava para
partir para o combate, apesar de tal encontro e posterior declaração de amor
ter realmente ter se dado em uma estação de trem...
Lançado em 1920, o filme que dá nome a este
artigo é mais um dos exemplos do quão inovador o expressionismo alemão foi.
Dirigido
por Robert Wiene (1873-1938), ‘O Gabinete do Doutor Caligari’ é uma película em
preto e branco e muda, que ainda assim consegue prender o espectador numa
envolvente trama de suspense e terror.
Tudo
começa com Francis (Friedrich Feher, 1889-1950) relatando os estranhos eventos
que o ligaram ao caso Caligari, enquanto está sentado junto de outro homem numa
espécie de parque ou jardim.
Aqui
a trama já começa a inovar, pois é toda contada através de flashbacks, método pouco
usual para a época. Diante disso, o telespectador é levado a um ambiente
pitoresco: uma cidade que parece ter saído diretamente dos quadros do pintor
Salvador Dalí (1904-1989), muito antes do mesmo começar a pintá-los.
É
lá que estão Francis e seu amigo Alan (Hans Heinrich von Twardowski,
1898-1958), que apesar da amizade, competem pelo amor da bela Jane (Lil Dagover,
1887-1980).
Ao perambular pelas
ruas de tão estranha cidade, o acaso leva a dupla de amigos até uma
apresentação de um carnaval itinerante, na qual se deparam, pela primeira vez,
com o Dr. Caligari (Werner Krauss, 1884-1959) e seu espetáculo: o sonâmbulo
Cesare (Conrad Veidt, 1893-1943) que, de acordo com o tal doutor, além de ter
poderes de prever o futuro, está em um sono profundo desde que nasceu, há 23
anos.
Enquanto a apresentação
prossegue, Alan é chamado para participar da mesma, tendo a sua morte prevista
para até o amanhecer do dia seguinte. Isso leva a dupla de amigos a deixar o
local, completamente tensos com o novo de desenlace.
Francis acompanha Alan
até a sua casa, após ambos terem um breve encontro com Jane, e depois segue
para sua. Mas a tragédia acontece de qualquer maneira e, no dia seguinte, Alan
está morto, tendo sido assassinado.
A partir daí o
espectador acompanha Francis em sua investigação para saber se tudo não passou
de uma sinistra
coincidência ou se o Doutor Caligari e seu sonâmbulo Cesare estão, de fato,
envolvidos no caso.
O final é
surpreendente, um dos primeiros usos de plot twist (reviravolta na trama) na
história do cinema. E a trilha sonora... ah, a trilha sonora...parece ter vindo
diretamente de trinta anos no futuro, utilizando algo parecido com riff’s de
guitarra, hoje tão usuais no rock, mas que devem ter soado de maneira bastante
estranha na época do lançamento do filme.
E o melhor de tudo, caro leitor, é que posso disponibilizar o longa na integra, pois é um dos poucos que já estão em domínio público!
Se você é fã dos Beatles, este filme é para
você. Se não, também é. A trama é cativante o suficiente e os personagenssão bastante
agradáveis para conquistar até o maior detrator do quarteto de Liverpool.
É
claro que a música tem um papel muito
importante, mais do que em qualquer outra película, sendo mais do que um mero
pano de fundo. Aliás, é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento do longa
dirigido por Danny Boyle (ganhador do Oscar da Academia de Melhor Diretor por ‘Quem
quer ser um Milionário?’), com base no roteiro de Richard Curtis.
A
trama gira em torno de Jack Malik (Himesh Patel), um aspirante a músico
profissional, que trabalha em uma loja de departamentos. A sua carreira até
então, não tem sido um sucesso. Na verdade, nem chegou a decolar, apesar dos
esforços infindáveis de sua empresária e melhor amiga de infância Ellie
Appleton (a mais que perfeita Lily James).
Eis
que o inesperado acontece: ao voltar de um concerto em um festival, agendado
por Ellie, Jack sofre um acidente, sendo atropelado por um ônibus, durante um
apagão global. Ele acorda, no hospital, e aos poucos percebe que ninguém mais
se lembra dos Beatles, então começa a fazer passar por suas as canções da banda
inglesa, logo alcançando a fama.
Mas
o preço a pagar é muito alto, além do receio que alguém mais se lembre dos
Beatles, os holofotes cada vez mais o afastam de Ellie que, a essa altura,
todos, há muito tempo, já perceberam estar apaixonada por Jack, que também
começa a se dar conta de seus verdadeiros sentimentos por ela.
Assim,
Malik se vê diante de uma escolha: deve abraçar a fama e deixar tudo para trás
ou fazer a coisa certa e abrir mão de um legado que não é seu?
Para
não estragar nenhuma surpresa, só há uma palavra para definir esse filme:
fantástico, além de conter,
na sua parte final, uma das cenas mais emocionantes para qualquer fã dos
Beatles, envolvendo um certo velho marinheiro e Jack...
* em memória do meu querido avô Levy Dorotheu dos Santos (28 de Março de 1938-02 de Novembro de 2014)
A trama de ‘Sobre Ontem à Noite’ (1986),
dirigido por Edward Zwick em seu debute no comando de um longa, é bastante
simples: garoto conhece garota, ambos flertam e acabam indo para cama, o que
acaba dando origem a um relacionamento e aos problemas que vem com ele...
Tudo
começa quando Dan (Rob Lowe) conhece Debbie (Demi Moore) num jogo de softball e
acaba reencontrando-a em um bar, na festa após o jogo. Daí o flerte acontece e
ambos acabam debaixo dos lençóis, para o desgosto de seus melhores amigos
Bernie Litko (Jim Belushi) e Joan Gunther (Elizabeth Perkins), que acham que
seus respectivos amigos não são bons um para o outro. O que não deixa de ser um
tanto óbvio, já que Bernie é um mulherengo convicto e Joan, aparentemente, é
uma mulher frígida, com um certo desdém por homens como Litko.
Enfim,
o que era para ser um enlace de apenas uma noite, entre Dan e Debbie, acaba não
sendo, seguindo-se de várias outras noites de amor da qual surge um
relacionamento entre o casal, que em pouco tempo passa a morar junto. Assim,
passamos a acompanhar as dificuldades desse relacionamento, seus altos e
baixos, até o seu término abrupto, devido a certo desgaste e falta de diálogo.
A partir de então, Dan percebe o quanto ama Debbie e passa a tentar ganhar o
seu amor de volta...
Em
geral, trata-se de um bom filme, agridoce em certos momentos e com um final
bonito, mas o vejo como uma oportunidade desperdiçada a partir do momento em
que o casal rompe, pois, o interessante, para mim, seria ver como eles
seguiriam em frente, juntos, apesar das dificuldades, encontrando um meio
termo, um equilíbrio entre os dois que pudesse dar vazão ao óbvio amor que sentiam
um pelo outro, saindo do lugar comum das comédias românticas nas quais garoto
conhece garota, apaixonam-se, um deles faz algo estúpido e tenta recuperar o
seu interesse amoroso, mostrando que mudou de alguma maneira...
Nota: acima segue o trailer do filme, que não consegui encontrar dublado, mas também achei um trecho, da abertura da película, dublado, o qual segue abaixo.