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domingo, 30 de outubro de 2022

ADENTRANDO O BAIRRO PROIBIDO

 

             Mais um dos muitos clássicos da Sessão da Tarde, ‘Os Aventureiros do Bairro Perdido (Big Trouble in Little China, algo como Grande Problema na Pequena China, 1986) é um filme legal, que cumpre o que promete: entrega quase duas horas de ação e aventura.

            Dirigido por John Carpenter, a trama começa numa delegacia de polícia, onde Egg Shen (Victor Wong, 1927-2001) é interrogado sobre os estranhos acontecimentos que ocorreram recentemente na Chinatown de São Francisco.

            O velho senhor chinês não cede, ainda mais quando é questionado sobre a participação de Jack Burton (Kurt Russell) no evento. Então, após uma surpreendente apresentação de magia, envolvendo raios, que até mesmo espanta o delegado, somos levados a um passado recente e apresentados a Jack, um caminhoneiro falastrão que chega a São Francisco e logo se envolve em uma aposta com o seu amigo Wang Chi (Dennis Dun), um simpático dono de restaurante.

            Para o azar do chinês, ele perde todas as apostas e confessa a Jack que precisa do dinheiro, pois está prestes a buscar a sua noiva, Miao Yin, uma chinesa de raros olhos verdes, no aeroporto, mas que pagara Jack assim que retornar do compromisso.

            O caminhoneiro, desconfiado, resolve dar uma carona ao amigo até o aeroporto e lá que os problemas realmente começam, com Jack batendo cabeça com Grace Law (Kim Cattrall) e com o rapto de Miao Yin por uma tong (espécie de gangue) chinesa.

            A partir daí a ação é frenética, percorrendo os subterrâneos de Chinatown, através do covil de um espírito vingativo que tenta quebrar uma maldição que lhe foi lançada há mais de dois mil anos.

            Como disse, o filme é legal, os personagens cativantes, cada um à sua maneira, mas a sequência das ações desenvolve-se muito rápido, de tal maneira que fica difícil acompanhar o seu ritmo, também dando pouco espaço para o desenvolvimento dos personagens. Eles são o que são e só estão ali para fazer a trama andar, em meio a inúmeras lutas de kung-fu e alguns estereótipos orientais que não seriam muito bem aceitados hoje em dia.

 



Fontes: 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Big_Trouble_in_Little_China

https://pt.wikipedia.org/wiki/Victor_Wong

 

 

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

VIZINHOS

 

              Pense na premissa mais implausível para um filme. Pensou? Pois é a desse: Walter (Leandro Hassum), um quadrado funcionário de uma loja de instrumentos musicais, tem um piripaque devido ao excesso de barulho decorrente de sua profissão e é levado às pressas ao hospital, onde descobre que seus nervos podem, literalmente, explodir por causa de qualquer som mais elevado (o que deveria tê-lo levado ao óbito nos primeiros dez minutos de filme...)

            A solução recomendada pela doutora e adotada por Walter e sua esposa Joana (Júlia Rabello) é mudarem-se para uma casa de campo na serra. Mas o sossego dura pouco quando Toninho (Maurício Manfrini) e família retornam de viagem justo para casa do lado, fazendo o maior estardalhaço. Acontece que Toninho é mestre de bateria de uma escola de samba e as festas e ensaios em sua casa são frequentes, para o desespero total do casal ao lado.

            A trama e o roteiro, como um todo, são para lá de previsíveis, a ponto do telespectador conseguir adivinhar o que acontecerá em seguida sem esforço algum, como no caso da cena dos policiais e do envolvimento amoroso, ao melhor estilo Romeu e Julieta, dos filhos dos vizinhos rivais. Bem, pelo menos da parte de Walter, que se incomoda muito com a ideia de que a filha Camila (Julia Foti) esteja namorando Arthur (Lucas Leto), ainda mais com as infindáveis piadas de Toninho sobre o seu filho estar “traçando” a filha do rival.

            As atuações de Hassum e Manfrini são tão caricatas, em pelo menos três quartos do filme, que chega a incomodar bastante. O que realmente salva a película é a presença de Júlia Rabello, pois a sua interpretação é, ao mesmo tempo, natural, convincente e engraçada, sem maneirismos exagerados e, muito provavelmente, reflexo de sua passagem pelo Portas dos Fundos, cujo um dos vídeos mais famosos é estrelado justamente por ela (Sobre a Mesa) e é referenciado/reverenciado numa cena de jantar em família.

            As coisas só vão melhorar lá pelo último quarto do filme, quando ao invés de atuar como antagonistas, os personagens de Hassum e Manfrini acabam por desenvolver uma inusitada parceria que acaba por ascender um ótimo timing cômico entre a dupla, pena que desperdiçado no restante da película.

 


Fontes:

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Vizinhos_(filme_de_2022)

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

ADÃO NEGRO

 

            Por uma série de razões, este artigo é muito especial para mim . Bem, vamos a elas. A primeira delas é o meu retorno a uma sala de cinema depois de muito tempo, desde antes do começo da pandemia. E não há nada mais mágico do que as luzes de uma sala de cinema apagando-se, quando o filme está prestes a começar. É um misto de expectativa e desejo por aventura, pois nunca se sabe o que a tela grande vai nos proporcionar.

            A segunda razão é o meu imensurável amor por quadrinhos, que cultivo desde a infância, o que nos leva a última, mas não menos importante razão, a nostalgia. Pude lembrar-me claramente de um menino de oito anos que, em Maio de 2002, esperava ansiosamente, na fila, para ver o seu herói favorito, um certo escalador de paredes, ganhar as telas pela primeira vez.

            Mas o Cabeça de Teia não é o foco aqui e, sim um obscuro personagem (e não por causa de sua alcunha) da Distinta Concorrência: o Adão Negro. Deixe-me explicar melhor. Para início de conversa, o personagem em questão surgiu como um vilão do Capitão Marvel original (o agora chamado Shazam, mas que anteriormente foi o primeiro a ter tal título até que a DC Comics, atual detentora dos direitos do mesmo, achá-lo muito similar ao seu principal medalhão, o Superman, e resolver processar a Fawcett, editora que publicava as aventuras do herói, fazendo com que o Capitão ficasse no limbo editorial por décadas, o que levou a  editora Marvel, já em meados dos anos 60, a criar um herói com o mesmo nome para poder registrar os direitos da marca, do qual aliás, Carol Danvers era só coadjuvante, tendo levado décadas para ganhar a posição destaque que merece e conquistou a tanto custo. Enfim, por ironia do destino a DC acabou adquirindo os direitos de toda a Família Marvel no início dos anos 70 e não mais podia usar o título de Capitão Marvel nas capas de suas revistas) na revista Família Marvel 1, de Dezembro de 1945, ficando décadas sem aparecer depois disso, não só por causa de toda questão processual acima mencionada, mas também por ser o tipo de vilão que morria no final de sua primeira aparição nas páginas dos quadrinhos.

            Depois dessa longa e complicada explicação (a qual espero que todos tenham entendido, pois é tudo bastante confuso mesmo...), vamos ao filme. Dirigido por Jaume Collet-Serra, com base no roteiro de Adam Sztykiel, Rory Haines e Sohrab Noshirvani, a história se passa 2600 anos antes da Era comum, na nação fictícia do Kahndaq, na qual um jovem escravo ousa se rebelar contra o tirano rei Anh-Kot, sendo condenado à morte por tanto, mas os Magos da Rocha da Eternidade (aquela mesma na qual Billy Batson ganha os seus poderes) o salvam e lhe concedem incríveis habilidades, desde que o garoto diga a palavra mágica (shazam). Assim, surge o Adão Negro (Dwayne Johnson), que impede que o cruel monarca utilize a recém completada coroa de Sabbac.

            Já no presente, o Adão Negro não passa de uma lenda em seu país natal, agora dominado pela Intergangue, cujo objetivo é encontrar a dita coroa. Mas eles encontram na professora universitária Adriana (Sarah Shahi) uma pedra no sapato, que acaba acidentalmente libertando o Adão Negro de sua tumba, onde também estava escondida a coroa demoníaca.

            O ressurgimento do Adão Negro chama a atenção de Amanda Waller (Viola Davis) que contata a Sociedade da Justiça, formada pelo Gavião Negro (Aldis Hodge), Doutor Destino (Pierce Brosnan) e os dois novatos, Ciclone (Quintessa Swindell) e Esmaga-Átomo (Noah Centineo), para lidar com a situação, pondo a equipe super-heróica em rota de colisão com o anti-herói kahndaquiano.  

            Mais do que isso não posso revelar, pois seria entregar por demasia o enredo. O importante é que saibam que a ação é frenética, sendo o foco de todo o longa, esse basicamente movido a efeitos especiais, sem muito espaço para o desenvolvimento de personagens, com a exceção óbvia do Adão Negro, cujos passado e dores são aprofundados. Você também vai rir um pouco, como também se divertir, mas não é um filme inesquecível, somente mais um blockbuster caça-níquel.

            Talvez por isso, quando em relação aos quadrinhos, eu tenha me atido aos gibis, deixando de lado os filmes super-heróicos já há algum tempo. 

NOTA: SPOILERS NO TRAILER! Procurei, mas não encontrei uma versão sem spoilers, então quem AINDA não assistiu o filme, CUIDADO!


Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Homem-Aranha_(filme)

https://en.wikipedia.org/wiki/Black_Adam#DC_Comics

https://en.wikipedia.org/wiki/Black_Adam_(film)

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

A VIDA COMO UMA CAIXA DE CHOCOLATES

 

         Alguns filmes são como uma caixa de chocolates, sempre que os assistimos, deparamo-nos com algo novo. É o caso de Forrest Gump (1994), dirigido pelo incrível Robert Zemeckis, também responsável pela não menos notável trilogia De Volta Para o Futuro.

            Ganhador de diversos prêmios, inclusive os Óscares da Academia de Melhores Filme, Roteiro Adaptado, Diretor e Ator, o filme gira em torno do personagem título (brilhantemente interpretado por Tom Hanks na fase adulta, diga-se de passagem), um sujeito comum, que apesar de suas dificuldades intelectuais, é criado com todo amor e carinho por sua mãe (Sally Field), que faz das tripas coração para sustentar o seu rebento, desde transformar sua casa em um pensionato a até mesmo vender o seu corpo para garantir que o seu filho pudesse frequentar a escola local.

            Forrest até poderia ter uma vida solitária devido a sua deficiência intelectual e o seu problema nas pernas, que o forçou a usar um aparelho ortopédico, mas o seu bom coração e ingenuidade o tornam o amigo perfeito para Jenny (Robin Wright na fase adulta), uma garota abusada pelo pai, que o menino conhece no ônibus para a escola.

            Assim, conforme Forrest cresce, a sua vida entrelaça-se com a história americana da segunda metade do século XX, seja conhecendo um jovem Elvis Presley, a quem inspira os movimentos dos quadris, ou participando da Guerra do Vietnã, junto de seus amigos Bubba (Mykelti Williamson), um especialista em camarões, e o Tenente Dan Taylor (Gary Sinise), e até mesmo tendo participação ativa no escândalo Watergate, realizando o telefonema que desencadearia a investigação.

            Mais do que isso, Forrest Gump é um filme sobre a vida e como ela é leve como uma pluma, sempre nos levando a lugares inesperados.    

 


Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Forrest_Gump

terça-feira, 18 de outubro de 2022

CINEMA PARADISO

 

              


          O que dizer deste filme? Bom, para começar, é um dos meus favoritos, que já assisti pelo menos três vezes. Também é um filme premiado, tendo recebido tanto o Oscar como o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro de 1990, além de possuir uma incrível trilha sonora e uma maravilhosa fotografia.

            Originalmente lançado na Itália, em 1988, sob o título original de Nuovo Cinema Paradiso, e dirigido por Giuseppe Tornatore, também o roteirista do longa, o enredo trata da vida do cineasta Salvatore Di Vita (Jacques Perrin em sua versão adulta), que logo no início do filme recebe a notícia da morte de seu amigo e figura paterna Alfredo (Philippe Noiret,1930-2006), através de um telefonema de sua mãe.

            Isso o faz evocar as memórias de sua infância, quando era apenas Totó (Salvatore Cascio), um garoto de oito anos que vivia sozinho com a sua mãe, uma viúva, no vilarejo Giancaldo, alguns anos após o fim da Segunda Guerra Mundial.

            O menino, que era coroinha, sempre que podia passava o seu tempo livre assistindo filmes no Cinema Paradiso, local onde Alfredo era o projetista. Assim, a dupla, ainda que aos trancos e barrancos, desenvolve uma amizade que só se fortalece com tempo, atravessando até mesmo um acidente na cabine de projeção, no qual Alfredo perde a visão após salvar Totó do incêndio que se alastrara pelo local.

            É uma trama comovente, que lida com amadurecimentos, primeiros amores e a descoberta de seu lugar no mundo como ser humano, o que, muitas vezes, pode não ser fácil.   


Nota: não encontrei o trailer dublado, então, como sempre, para aqueles que não dominam o inglês, é só ativar as legendas no próprio vídeo.

Bônus: a fantástica música tema composta por Ennio Morricone!

          

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Nuovo_Cinema_Paradiso

https://en.wikipedia.org/wiki/Cinema_Paradiso

https://en.wikipedia.org/wiki/Philippe_Noiret

 

 

sábado, 15 de outubro de 2022

ELVIS


          Como todo filme de Baz Luhrmann, diretor de películas como 'Moulin Rouge' e 'O Grande Gatsby', 'Elvis' é um filme glamoroso, cheio de cor, brilho, vida e até mesmo um certo grau de megalomania, mas de certa forma funciona.

            O roteiro não é lá essas coisas, apressando e compactando muitos dos momentos marcantes da trajetória do Rei do Rock. O que salva mesmo o filme, além de um bom enredo (a vida de Elvis Presley), são as atuações de Austin Butler, como o personagem título, e de Tom Hanks como o seu empresário, o “Coronel” Tom Parker. Aliás, é muito difícil que Hanks entregue uma performance ruim, o que de fato não acontece aqui. Sua caracterização e maquiagem estão impecáveis, só é um tanto estranha a escolha de narrar a história de Elvis através dos olhos, ou melhor, perspectiva, do dito “Coronel”.

         Quanto a Butler, admito ter torcido o nariz quando soube de sua escalação para o papel principal, mas ele me surpreendeu, superando todas as minhas expectativas. Junto da caracterização, o ator entrega uma performance realista, roubando a cena em vários momentos, apesar das já apontadas limitações do roteiro.

            Por fim, é digna de nota a atuação de Olivia DeJonge que, mesmo com o seu pouco tempo de tela, consegue comover com sua atuação e fazer parecer que o relacionamento entre o Elvis e a Priscilla da tela grande era mesmo real.

 


 

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Elvis_(filme_de_2022)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Baz_Luhrmann

ADEUS, HAGRID - TRIBUTO A ROBBIE COLTRANE (1950-2022)

    Robbie Coltrane (1950-2022) foi um grande ator britânico, conhecido por uma  variedade de papeis, mas para muitos, inclusive para mim, será sempre lembrado como o bondoso meio-gigante Rúbeo Hagrid, Guardião das Chaves de Hogwarts e seu professor de Trato de Criaturas Mágicas. Ontem, desde a triste notícia de sua partida, tenho pensado na melhor forma de homenageá-lo. Não consegui pensar em nada melhor que a cena final de Harry Potter e a Pedra Filosofal. Então, magos e bruxas de todo o mundo ergam as suas varinhas e gritem 'Lumos' a plenos pulmões para que aonde Robbie estiver, nossa luz consiga alcançá-lo!


Fonte:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Robbie_Coltrane 

ENTREVISTA COM LUCIANO CARRIERI

  Luciano Carrierri  é um advogado e pai de família que nas horas vagas gosta de desbravar o mundo dos jogos de tabuleiro. Hoje conversarei ...