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sábado, 26 de novembro de 2022

FUGA PARA A VITÓRIA

 

            O que torna um filme interessante, atraente ao seu espectador? Talvez a premissa seja o fator mais importante. Então, quando eu me deparei com a ideia de uma fuga de prisioneiros de guerra por meio de uma partida de futebol, fui fisgado rapidamente. Ainda mais com dois dos nomes elenco Sylvester Stallone e Pelé, uma dupla um tanto quanto inusitada, ao meu ver. É isso mesmo, o tricampeão mundial brasileiro de futebol, por muitos considerado o ‘Rei’ de tal esporte, atua nessa película, num papel secundário, com algumas poucas falas.

            E outra surpresa esperava-me nos créditos de abertura: a direção do longa, de 1981, coube ao lendário John Huston (1906-1987), um dos maiores cineastas de sua geração, com base num roteiro de Yabo Yablonsky e Evan Jones, que fizeram uma adaptação anglo-americana do filme, de 1961, Dois Tempos no Inferno (Two Half Times in Hell), numa tradução livre, que por sua vez utilizou como fonte um jogo real, ocorrido em 1942, conhecido como a Partida Mortal, entre prisioneiros ucranianos soviéticos, forçados a trabalhar em fábricas do Reich em Kiev, contra os seus captores nazistas.

          Mas a trama do longa de Huston é um tanto quanto diferente. Num campo de prisioneiros da 2ª Guerra, em algum lugar da França, então ocupada pelos nazistas, o seu comandante, o Major Karl Von Steiner (Max von Sydow, 1929-2020) convence o Capitão John Colby (Michael Caine), um soldado que na sua vida civil era um jogador profissional de futebol, a participar do que a princípio era um amistoso entre um time formado pelos prisioneiros do campo e outro por seus carcereiros.

            No entanto, o jogo ganha maiores proporções quando os superiores do Major Von Steiner decidem utilizar a partida como forma de propaganda nazista, transferindo a mesma para um estádio em Paris, ao mesmo tempo em que os prisioneiros tramam um plano para escapar durante a ida ao estádio.

            Fuga para Vitória (Escape to Victory) é um filme empolgante, com as boas atuações de Caine como Colby e Stallone como o astuto e sarcástico Hatch, goleiro do time dos prisioneiros. Vale notar que, apesar da participação de Pelé ser de coadjuvante, ele realizou a coreografia de todos os lances da partida de futebol, realmente um show à parte, já que muitos outros jogadores profissionais atuaram no longa, como Bobby Moore (1941-1993), campeão mundial pela seleção inglesa, na Copa de 1966, e Osvaldo Ardiles, também campeão mundial, mas pela seleção argentina na Copa de 1978.

            E o final não poderia ser mais belo e impactante.

 


Curiosidade:

            Quando Chaves estreou, em 24 Agosto de 1984, como um quadro da TV Powww!, as gravações do humorístico, criado e estrelado por Chespirito (Roberto Gómez Bolaños, 1929-2014) já haviam terminado há alguns anos, mesmo que seriado o tivesse permanecido vivo sob a forma de esquetes dentro do programa Chespirito. Apesar disso, o programa humorístico fez um imenso sucesso em terras tupiniquins, em grande parte por conta da incrível dublagem, que soube com maestria adaptar as piadas e trocadilhos presentes nos diálogos. Por conta disso, em dado episódio, propriamente intitulado “Vamos ao Cinema?”,   Chaves reclama que “era melhor ter ido ver o filme do Pelé”, só que no original a referência é ao filme El Chanfle, de 1979, escrito e protagonizado por Chespirito, cuja temática é justamente o futebol. Então, qual seria o tal filme do Pelé que o Chaves tanto menciona no capítulo? Muito provavelmente, trata-se do filme Fuga a Vitória, acima resenhado, devido à proximidade de seu lançamento, em 1981, e a estreia do programa humorístico Chaves no Brasil, em 1984. 

Fontes: 

https://en.wikipedia.org/wiki/Escape_to_Victory

https://en.wikipedia.org/wiki/Two_Half_Times_in_Hell

https://en.wikipedia.org/wiki/The_Death_Match

https://en.wikipedia.org/wiki/John_Huston

https://en.wikipedia.org/wiki/Max_von_Sydow

https://en.wikipedia.org/wiki/Bobby_Moore

https://en.wikipedia.org/wiki/Osvaldo_Ardiles

https://pt.wikipedia.org/wiki/El_Chavo_del_Ocho

https://pt.wikipedia.org/wiki/Roberto_G%C3%B3mez_Bola%C3%B1os

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

MOONRISE KINGDOM

           Moonrise Kingdom (2012, algo como Reino do Nascer da Lua, numa tradução literal para o português) é um filme idílico por natureza, como não poderia deixar de ser, tendo sido dirigido por Wes Anderson.

            O próprio cenário em que a trama se passa, duas ilhas afastadas de tudo, com muito verde e pequenas comunidades em cada uma, assim como a época, o não tão distante ano de 1965, confirmam essa impressão.

            É como se tudo não passasse de um sonho ou uma fábula, de tão excêntricos que são os personagens, características dos filmes comandados por tal diretor. Ao mesmo tempo que as crianças se comportam como crianças, também agem de maneira mais articulada que suas contrapartes adultas, que parecem perdidas em seus próprios delírios, extravagâncias e excentricidades.

          Não há nada de errado com isso, até mesmo acrescenta um sabor especial a premissa, que é até bastante simples: tudo começa com a fuga de um escoteiro de doze anos, chamado Sam Shakusky (Jared Gilman) de seu acampamento, aparentemente sem nenhuma razão.

              Descoberto o sumiço, o atrapalhado chefe dos escoteiros, Randy Ward (Edward Norton), põe os demais garotos em alerta e os manda procurar o membro perdido de sua tropa, além de alertar o capitão Sharp (Bruce Willis), o policial no comando da força policial de uma das ilhas nas quais se passam a história.

            Logo, também é descoberto o desaparecimento de outra criança de doze anos, chamada Suzy Bishop (Kara Hayward), o que está longe de ser uma coincidência. Na verdade, a fuga foi planejada pelo casal de namorados Sam e Suzy, cada um tendo as suas razões, que são melhores explicadas ao longo do filme.

            Se ainda não foi possível convencer algum leitor de que esse longa metragem é especial, o seu elenco ainda conta com Bill Murray e Frances McDormand, como Walter e Laura Bishop, respectivamente.

                 Não é preciso dizer mais nada, né?

             

 


Fontes:

https://en.wikipedia.org/wiki/Moonrise_Kingdom

https://en.wikipedia.org/wiki/Wes_Anderson

https://www.imdb.com/title/tt1748122/

 

domingo, 20 de novembro de 2022

UM SANGUE NEM TÃO SAGRADO...

 

       Hollyblood (Netflix, 2022) é um filme complexo e isso não é necessariamente uma coisa boa, pois tenta ser, ao mesmo tempo, uma comédia romântica e um filme de terror, falhando em ambos os casos.

            Dirigida por Jesús Font, a trama começa com flashback de um trio de garotos fazendo bullying com Crespinho (Piero Mendez), que acidentalmente morre afogado numa piscina. O trio, então, é atacado por uma criatura misteriosa que, aparentemente, é um vampiro.

A criatura, sem a menor dó ou piedade, mata os garotos, mas por alguma razão, resolve reviver Crespinho, que se torna um vampiro também.

Agora, no presente, somos apresentados a Javi (Óscar Casas), o garoto novo na escola que está apaixonado por Sara (Isa Montalbán), uma moça com um curioso interesse pelo sobrenatural, principalmente, por vampiros, situação que será melhor explicada e desenvolvida mais adiante no filme, dando profundidade a única personagem com quem a audiência consegue se conectar, mesmo que, no fim, seja com base num clichê.

Voltando a Javi, o garoto resolve tirar vantagem do interesse de Sara por vampiros e se passar por um, de modo a impressioná-la e ganhar o seu coração. Afinal, o que poderia dar errado? Tirando o fato do garoto ter se passado por uma garota antes, numa sala de bate-papo, para conhecer melhor a amada e ter um maior conhecimento dos interesses dela...

Bom, para quem não sabe, isso se chama “catfishing” e é crime de falsidade ideológica, o que destrói por completo qualquer noção de romance, por mais inofensivas que as intenções de Javi fossem...

Para completar, Crespinho reaparece e desmascara Javi e é aí que a coisa começa realmente desandar, pois o enredo se transforma numa trama de caça-vampiros com uma solução Deus Ex- Machina para lá de forçada. No entanto, devo admitir que a pessoa por trás da transformação de Crespinho e vilã de toda trama, quando revelada, surpreendeu-me um pouco... 


 

 

 

Fontes:

https://www.imdb.com/title/tt14210720/

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

AS ESTRELAS BRILHAM NA CIDADE

       

          Há algo de especial nos filmes época, ainda mais os que são inspirados em histórias reais, como é o caso de “As Estrelas Brilham na Cidade” (The Chaperone, 2018, algo como ‘A Acompanhante’, numa tradução literal).

      A trama, dirigida por Michael Engler, com roteiro de Julian Fellowes, baseado no livro de Laura Moriarty, gira em torno de Norma Carlisle (Elizabeth McGovern), a tal acompanhante do título original.

    Tudo começa, em 1922, numa apresentação de dança na casa da família Brooks, na qual Louise (Haley Lu Richardson) é a atração principal, enquanto sua mãe, Myra (Victoria Hill), toca piano.

Norma é uma das espectadoras, junto de seu marido Howard (Tyler Weaks). Ela fica encantada com o talento de Louise Brooks (que realmente é uma figura histórica, uma atriz de certo renome no final dos anos 20 e durante a década de 30) e fica ainda mais interessada ao ouvir a mãe da garota mencionar que precisa de uma acompanhante para a sua filha durante uma temporada em Nova York, enquanto Louise participa de um curso de dança, pois, na época, não era de bom tom que moças de família andassem desacompanhadas.

De pronto, Norma se oferece, sob o olhar surpreso de seu marido. Logo, percebemos que algo não vai bem no casamento deles (e ao longo do filme descobrimos o porquê). No entanto, Howard não se opõe, de modo que Norma e Louise partem para Nova York.

Lá, descobrimos mais sobre o passado de Norma, o fato que ela é uma órfã, deixada num lar para mulheres desemparadas, local que acolhia crianças geradas fora do casamento e as encaminhava, via trem, para as suas novas famílias adotivas, situação muito comum no final do século XIX e início do XX. E é essa a sua grande motivação para ir a Nova York: descobrir a verdade por trás de seu passado.

Assim, as histórias de Norma e Louise se entrelaçam, pois enquanto a primeira busca por suas origens, também acaba por assumir o papel de mentora de Louise, uma garota extremamente talentosa, porém perdida, devido a uma profunda chaga de seu passado.

É uma história comovente, que trata de assuntos importantes, como o papel das mulheres na sociedade que, na época, haviam acabado de conseguir o seu direito ao voto, mas ainda se viam presas a coisas como espartilhos, além de questões como a segregação racial e a lei seca.

Em suma, é um filme interessante e de conteúdo relevante.

 


Fontes:

https://en.wikipedia.org/wiki/The_Chaperone_(2018_film)

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

UMA NOITE NA ÓPERA

 

    Este filme foi uma grande surpresa para mim e por uma única razão: apresentou-me a Groucho Marx (1980-1977), um dos maiores comediantes do seu tempo, dono de um humor sarcástico e non-sense, diferente de tudo que já se tinha visto na tela grande.

       Dirigido por Sam Wood (1883-1949), Uma Noite na Ópera (A Night at the Opera, 1935) é um filme cuja trama gira em torno de Otis B. Driftwood (Groucho Marx), o administrador dos bens da Sra. Claypool (Margaret Dumont,1882-1965), uma viúva rica com quem Driftwood pretende se casar.

     Mas esse não é o único plano do administrador. Otis também convence a madame a investir, na Companhia de Ópera de Nova York, comandada por Herman Gottlieb (Siegfried Rumann, 1884-1967), a “bagatela” de 200 mil dólares, de modo a custear o salário de 1000 dólares por noite do tenor Rodolfo Lassparri (Walter Woolf King, 1899-1984), em mais uma de suas tramoias para “ganhar um por fora” da fortuna que administra.

      No entanto, Lassparri não passa de um canalha, que maltrata o seu camareiro Tomasso (Harpo Marx, 1888-1964, um dos atores irmãos de Groucho) e faz incômodos avanços em Rosa Castaldi (Kitty Carlisle,1910-2007), sua co-estrela, moça que está perdidamente apaixonada por Ricardo Baroni (Allan Jones,1907-1992), um outro tenor, ainda em busca da fama, mas que corresponde aos sentimentos de Rosa.

        Nos bastidores do teatro, no qual acontece a última apresentação daquela temporada na Itália, Baroni concorda, ao reencontrar o seu melhor amigo, Fiorello (Chico Marx, 1887-1961, outro irmão de Groucho e também ator), em fazê-lo o seu empresário, já que só havia conseguido um papel menor na turnê.

        Driftwood, que propositalmente chegara atrasado ao teatro, de maneira a perder a apresentação da ópera, inadvertidamente, assina um contrato com Fiorello, pois ele afirma representar o maior tenor de todos os tempos, que Otis pensa se tratar de Lasspari.

         A partir daí a comédia corre solta, começando pela viagem transatlântica, a bordo de um luxuoso navio, até Nova York, na qual Dirftwood é regalado a uma pequena cabine, com o seu grande malão, de onde saem três clandestinos: Baroni, Fiorello e Tomasso.

Numa sequência para lá de engraçada, com um diálogo extremamente sagaz e divertido, a cabine se vê abarrotada de gente, sem saber muito bem o que faz ali, no meio daquela confusão toda, em um espaço tão pequeno, numa das melhores cenas de todo o filme.

     Como se não bastasse, o clímax do mesmo, que se dá em uma apresentação de ópera, é magnífico, com diversas gags inseridas de modo natural, fazendo com que o humor seja orgânico e não forçado como em muitas das comédias atuais. Vale muito apena assistir.

 


Nota: infelizmente não achei um trailer dublado ou legendado.

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Groucho_Marx

https://pt.wikipedia.org/wiki/Uma_Noite_na_%C3%93pera

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sam_Wood

https://en.wikipedia.org/wiki/Margaret_Dumont

https://en.wikipedia.org/wiki/Sig_Ruman

https://en.wikipedia.org/wiki/Harpo_Marx

https://en.wikipedia.org/wiki/Walter_Woolf_King

https://en.wikipedia.org/wiki/Kitty_Carlisle

https://en.wikipedia.org/wiki/Allan_Jones_(actor)

 

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

TOLKIEN

 

            Este é um filme sobre poesia e jornadas, por isso não é de se admirar que tome certas liberdades criativas e comece sua trama justamente em um campo de batalha da Primeira Guerra Mundial.

            O cenário é Somme, na França do ano de 1916, em uma das muitas trincheiras do local. Nela está John Ronald Reuel Tolkien (Nicholas Hoult), que acaba de receber uma carta da mãe de um de seus amigos do Tea Club Barrowian Society (Clube do Chá da Sociedade Barroviana), Geoffrey Bache Smith (Anthony Boyle), que pede notícias do filho, do qual não sabe nada há algum tempo.

            Isso leva Tolkien, mesmo muito gripado, a partir para a frente de batalha, apesar dos protestos de seu ordenança Sam Hodges (Craig Roberts), que o segue mesmo assim, cujo nome parece uma clara referência ao hobbit Sam, do Senhor dos Anéis, que segue leal ao seu amigo Frodo até o fim. 

            Daí a trama retrocede no tempo, para quando um jovem Tolkien e seu irmão Hilary, já na Inglaterra, após a morte precoce de seu pai na África do Sul, recebem a notícia de sua mãe, Mabel Tolkien (Laura Donnelly), que vão novamente se mudar, devido a sua parca condição financeira, com a ajuda do Padre Francis Xavier Morgan (Colm Meaney), guardião de ambos os irmãos.

            Infelizmente, pouco após a mudança, Mabel também vem a falecer, fazendo com que o Padre Francis realoque os meninos Tolkien na casa da Sra. Faulkner (Pam Ferris), cuja tutelada é nada menos que Edith Bratt (Lily Collins), o grande amor de Tolkien e sua futura esposa.

            Na nova escola, o jovem Tolkien demora um pouco a se adaptar, mas logo encontra companheirismo e camaradagem junto a Robert Gilson (Patrick Gibson), que inicialmente nutre uma certa rivalidade contra o novato, apesar dele se provar à altura e honrado acima de tudo, Christopher Wiseman (Tom Glynn-Carney) e o já mencionado Geoffrey Bache Smith e, assim, juntos o quarteto forma o Clube do Chá da Sociedade Barroviana e uma amizade para vida toda, independente de quanto isso durar, devido ao início da Primeira Guerra.

            O filme também trata da paixão de Tolkien por línguas, o que vem a ser a base de toda sua obra e como os acontecimentos de sua vida vieram a moldá-la.

            No geral, é um bom filme e bastante comovente, mas diverge da realidade em alguns pontos, pois Tolkien e Edith já estavam noivos em 1913, antes da Grande Guerra começar e não declararam o seu amor um pelo outro quando o primeiro estava para partir para o combate, apesar de tal encontro e posterior declaração de amor ter realmente ter se dado em uma estação de trem...


 

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_do_Somme

https://pt.wikipedia.org/wiki/J._R._R._Tolkien

https://en.wikipedia.org/wiki/Tolkien_(film)

https://en.wikipedia.org/wiki/Edith_Tolkien

 

terça-feira, 8 de novembro de 2022

O GABINETE DO DOUTOR CALIGARI

             Lançado em 1920, o filme que dá nome a este artigo é mais um dos exemplos do quão inovador o expressionismo alemão foi.

            Dirigido por Robert Wiene (1873-1938), ‘O Gabinete do Doutor Caligari’ é uma película em preto e branco e muda, que ainda assim consegue prender o espectador numa envolvente trama de suspense e terror.

            Tudo começa com Francis (Friedrich Feher, 1889-1950) relatando os estranhos eventos que o ligaram ao caso Caligari, enquanto está sentado junto de outro homem numa espécie de parque ou jardim.

          Aqui a trama já começa a inovar, pois é toda contada através de flashbacks, método pouco usual para a época. Diante disso, o telespectador é levado a um ambiente pitoresco: uma cidade que parece ter saído diretamente dos quadros do pintor Salvador Dalí (1904-1989), muito antes do mesmo começar a pintá-los.

         É lá que estão Francis e seu amigo Alan (Hans Heinrich von Twardowski, 1898-1958), que apesar da amizade, competem pelo amor da bela Jane (Lil Dagover, 1887-1980).

Ao perambular pelas ruas de tão estranha cidade, o acaso leva a dupla de amigos até uma apresentação de um carnaval itinerante, na qual se deparam, pela primeira vez, com o Dr. Caligari (Werner Krauss, 1884-1959) e seu espetáculo: o sonâmbulo Cesare (Conrad Veidt, 1893-1943) que, de acordo com o tal doutor, além de ter poderes de prever o futuro, está em um sono profundo desde que nasceu, há 23 anos.

Enquanto a apresentação prossegue, Alan é chamado para participar da mesma, tendo a sua morte prevista para até o amanhecer do dia seguinte. Isso leva a dupla de amigos a deixar o local, completamente tensos com o novo de desenlace.

Francis acompanha Alan até a sua casa, após ambos terem um breve encontro com Jane, e depois segue para sua. Mas a tragédia acontece de qualquer maneira e, no dia seguinte, Alan está morto, tendo sido assassinado.

A partir daí o espectador acompanha Francis em sua investigação para saber se tudo não passou de uma sinistra coincidência ou se o Doutor Caligari e seu sonâmbulo Cesare estão, de fato, envolvidos no caso.

O final é surpreendente, um dos primeiros usos de plot twist (reviravolta na trama) na história do cinema. E a trilha sonora... ah, a trilha sonora...parece ter vindo diretamente de trinta anos no futuro, utilizando algo parecido com riff’s de guitarra, hoje tão usuais no rock, mas que devem ter soado de maneira bastante estranha na época do lançamento do filme.

       E o melhor de tudo, caro leitor, é que posso disponibilizar o longa na integra, pois é um dos poucos que já estão em domínio público!

 

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Gabinete_do_Dr._Caligari

https://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Wiene

https://en.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Feher

https://pt.wikipedia.org/wiki/Salvador_Dal%C3%AD

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hans_Heinrich_von_Twardowski

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lil_Dagover

https://pt.wikipedia.org/wiki/Werner_Krauss

ENTREVISTA COM LUCIANO CARRIERI

  Luciano Carrierri  é um advogado e pai de família que nas horas vagas gosta de desbravar o mundo dos jogos de tabuleiro. Hoje conversarei ...